É escritor e jornalista. Considerado um dos maiores biógrafos brasileiros, escreveu sobre Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda. Escreve às segundas,
quartas, sextas e sábados.
Espiões domésticos
13.ago.2008/AFP | ||
Selo da CIA na sede da agência em Washington |
RIO DE JANEIRO - O site WikiLeaks, que divulga o conteúdo de documentos secretos, acaba de fazer outra grave denúncia : a CIA, serviço de espionagem americano, descobriu como penetrar em aparelhos, grampear conversas e se meter em qualquer equipamento doméstico conectado à internet. E não se limita aos suspeitos de sempre. Nesses tempos de terrorismo global, em que os atentados são imprevisíveis, todo mundo —eu, você ou o seu primo que chegou da roça— é suspeito, e, como tal, sujeito à vasculha cibernética. O seu smartphone, por exemplo, pode estar espionando-o neste momento.
Sem falar nas smart-TVs, as TVs "inteligentes". Elas têm um microfone, que você talvez não saiba onde fica. Mas a CIA sabe. Através dele, ela capta as suas conversas no recinto, grava-as e as transmite para os interessados. Faz isto mesmo que a TV pareça estar desligada —porque, para o "software malicioso" da CIA, ela não está. E, ao trocar segredos com os seus sócios de trampolinagens, não adianta você os chamar por apelidos como "Amigo", "Italiano" ou "Vesgo" —a CIA tem um equipamento que "lê" vozes.
Até os carros computadorizados poderão ser "ordenados" a se atirar do alto de um viaduto matando seus passageiros —imagine quantos rivais ou inimigos não estariam ao alcance dessa morte por controle remoto. Talvez por isso, Mark Zuckerberg, dono do Facebook, cubra os microfones e câmeras de seus equipamentos com fita adesiva preta quando não em uso. Seguro morreu de velho.
Ou seja, nossas casas podem estar cheias de espiões trabalhando para a CIA, e já vejo o dia em que os micro-ondas, liquidificadores ou enceradeiras também estarão de olho em nós.
Falando nisso, ontem, minha TV de tubo (sim, ainda tenho uma) pareceu piscar para mim, acendendo e apagando a intervalos. Pisquei de volta e ela sossegou.
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