A imprensa americana revela que a Gibson, fabricante das guitarras mais famosas do mundo, tem até julho para saldar uma dívida de US$ 375 milhões. A alternativa é a falência. A Fender, sua maior concorrente, foi convidada a deixar a bolsa de Nova York ao se descobrir que seu valor de mercado era superestimado. A terceira força do ramo, a PRS Guitars, também está fazendo água e tentando encolher para continuar à tona. Em toda parte, as lojas de instrumentos musicais com venda concentrada nas guitarras acumulam bilhões de prejuízo.
O que apenas repete a reviravolta que se deu no mercado quando elas tomaram o poder em meados dos anos 1960. Naquela época, e por causa delas, começou a queda na venda de pianos —imagino o buraco nas contas da Steinway, da Bechstein, da Baldwin. Idem quanto aos violinos —como a Stenter se segurou? E os trompetes Getzen, os saxes e clarinetes Selmer, os trombones Mendini?
Pelos 40 anos seguintes, em toda parte, os jovens deixaram até de saber da existência desses instrumentos. Fora as guitarras, só conseguiam identificar os “teclados” e a “percussão”. Nunca fomos tão analfabetos musicalmente.
Menos guitarras no mundo não significam menos música. Significam apenas menos guitarras.
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