Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

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Ruy Castro
Descrição de chapéu

Final feliz em Guarulhos

Pai acusado de abuso sexual lembra outro caso famoso

O vendedor Atercino Ferreira Lima, 51, abraça o filho após deixar a penitenciária de Guarulhos, na Grande São Paulo
O vendedor Atercino Ferreira Lima, 51, abraça o filho após deixar a penitenciária de Guarulhos, na Grande São Paulo - Reprodução

Aconteceu em Guarulhos (Grande São Paulo). Em 2002, depois de dez anos de casamento, houve uma separação. A mulher pegou o casal de filhos, de oito e seis anos, e foi morar com uma amiga. Dois anos depois, as crianças foram levadas pelas duas mulheres à Delegacia da Mulher, em Guarulhos, e disseram ter sido vítimas de abuso sexual pelo pai antes da separação. Baseada apenas nos testemunhos das crianças, da mãe e da amiga, a Promotoria conseguiu a condenação do pai a 45 anos de prisão. Após recurso, o Tribunal de Justiça de São Paulo reduziu a pena para 27 anos.

O homem levou os 13 anos seguintes negando a acusação e apresentando recursos em liberdade, até ser finalmente preso em abril de 2017 e começar a cumprir a pena. Antes disso, a partir de 2012, assim que cada qual completou a maioridade, seus filhos declararam em cartório que nunca haviam sofrido qualquer abuso e foram obrigados a mentir sob espancamentos produzidos pela amiga da mãe. Um pedido de revisão criminal foi apresentado à Justiça em 2016 pela organização não governamental Innocence Project Brasil, formada por criminalistas de São Paulo que oferecem assessoria jurídica a vítimas de erro judicial.

O tribunal levantou novos testemunhos e analisou melhor um laudo psicológico que refutou a possibilidade de as crianças terem sofrido violência sexual. O processo original, aliás, já continha laudos de corpo de delito desmentindo qualquer vestígio de “conjunção carnal”. Há meses, já com 24 e 22 anos de idade, elas reafirmaram para o juiz e para o Ministério Público que seu pai era inocente.

Na semana passada, o Grupo de Câmaras do tribunal paulista absolveu o homem por unanimidade. Os filhos o abraçaram chorando.

Sim, talvez não tenha nada a ver, mas você deve estar pensando no caso de Woody Allen. Eu também.

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