Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

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Ruy Castro

Espera-se que o julgamento, hoje, de mais um habeas corpus impetrado por Lula para não ir para a cadeia num processo em que ele já foi condenado a 12 anos e 1 mês seja o último. Esta novela precisa ter fim, até pelo que está custando à nação. São centenas de milhares de páginas, cada qual exigindo pelo menos 11 cópias. Calcule isso em papel de impressão, cartuchos de tinta, pendrives, grampos, clipes, carimbos, reconhecimento de firmas e outras despesas legais.

A história se arrasta há tanto tempo que muita gente morreu de velhice antes mesmo de se chegar àquela famosa condenação. Só as 80 ou mais testemunhas que a defesa de Lula convocava a cada fase —e que levavam meses para ser ouvidas embora não tivessem nada a dizer— já fizeram um rombo no orçamento. Como as oitivas são em Curitiba, a quem cabiam as passagens, as hospedagens e os traslados? Ao Tesouro, claro.

Quando Lula foi finalmente condenado, começaram os embargos e recursos, aos quais, a cada derrota por goleada, seguiam-se novos recursos e embargos e, sobre estes, mais embargos e recursos. A Justiça brasileira é feita para ninguém ser obrigado a cumprir uma condenação, desde que tenha dinheiro e advogados 24 horas por dia em sua defesa.

Lula tem isso e de sobra, mas engana-se quem pensa que sua defesa lhe custa dinheiro. Seus advogados, se preciso, pagariam para defendê-lo, em troca do espaço que há anos lhes é concedido pelas câmeras da TV Globo. E tudo isso para que, ao fim e ao cabo, o ingrato Lula tente convencer a ONU e outros organismos internacionais de que está sendo julgado politicamente e não lhe dão direito de defesa.

Na vida real, quem perde na Justiça costuma ser obrigado a pagar as custas do processo. Lula vai perder. Mas este é um processo, em mais de um sentido, impagável. 

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