Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

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Ruy Castro
Descrição de chapéu Copa do Mundo

Chuva de matrioskas

Você terá sorte se não ganhar uma no fim da Copa

Matrioskas de todo tipo para os turistas
Matrioskas de todo tipo para os turistas - Eduardo Knapp/Folhapress

Qualquer que seja o destino do Brasil na Copa, de uma coisa pode-se ter certeza: seremos inundados pela chuva de matrioskas trazidas pelos milhares de brasileiros que foram à Rússia para os jogos. 

Matrioskas, como se sabe, são aquelas bonecas de madeira, cilíndricas e ocas, contendo outras cinco ou seis bonecas embutidas, cada qual menor, pintadas manualmente. São uma celebração da maternidade e da fertilidade: cada boneca “gera” uma boneca que “gera” uma boneca etc. Mas isso era no tempo em que o turismo na Rússia se limitava aos bordejos de Luiz Carlos Prestes por Moscou.

Da perestroika para cá, com a abertura do país, a matrioska foi se tornando um conceito —pode ser agora qualquer conjunto de bonecos embutidos, não importando o sexo ou a especialidade. Há matrioskas de grupos de rock, de artistas de Hollywood e até de políticos como Putin. E sua fabricação já não se limita à Rússia —em Praga, há alguns anos, comprei uma matrioska contendo o time do Flamengo. Hoje, pelo que sei, as prateleiras das lojas de Moscou estão vergadas de matrioskas com os jogadores dos países que disputam a Copa, com natural encalhe para os bonecos dos principais times que já pegaram o boné —Argentina, Alemanha, Espanha. 

A matrioska está para o turista na Rússia assim como os bonecos de Pinóquio na Itália, os galos de Barcelos em Portugal e as miniaturas da Torre Eiffel, em Paris, da Estátua da Liberdade, em Nova York, e do Cristo Redentor, no Rio. São os souvenirs mais populares, a um tostão a dúzia. Por ser tão barata, a matrioska será a inevitável lembrancinha que o pessoal trará para presentear os amigos e familiares. Você terá sorte se não ganhar uma.

Estou brincando. Eu também, quando fora do Brasil, dou os meus vexames. Em Budapeste, já comprei uma camiseta do Drácula; em Londres, um vidrinho de fog engarrafado; e, em Salvador, um berimbau.

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