Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

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Ruy Castro

Em nome da ciência e da fé

Paul McCartney afirma ter visto Deus —e ele era uma parede

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O ex-beatle Paul McCartney declarou ao jornal londrino Sunday Times que, quando os Beatles estavam se dissolvendo, em fins dos anos 60, ele “viu Deus” sob o efeito de uma substância psicodélica (não explicou qual, talvez ácido). E como seria Deus? Tinha forma humana, circular, ovóide, quadrada? Pelo visto, mais para esta última opção: “Era uma parede”, ele disse. “Uma parede maciça, cujo topo eu não conseguia enxergar. As pessoas disseram que era apenas efeito da droga, uma alucinação. Mas nós sentíamos que era algo superior”. 

Nós? —pergunto. Significa que Paul não só viu Deus como fez isto em grupo, e seus colegas tiveram a mesma visão, a da parede maciça? Em nome da ciência e fé, Paul precisa revelar os nomes dos membros desse grupo, para que possamos comparar suas impressões. A história está cheia de um ou dois menininhos que um dia tiveram visões, mas nunca se deu de isso acontecer com um bando de adultos —todos com idade para tomar ácido. 

Tenho amigos que também tomaram ácido naquela época e nenhum deles viu Deus. Alguns viram a si mesmos no útero da mãe (um deles se viu no útero da mãe de uma amiguinha que ele cobiçava —cobiçava a mãe, não a amiguinha) e a grande maioria viu discos voadores. Com ou sem ácido, Raul Seixas, Rita Lee, Tim Maia, Eduardo Dusek, Paulo Coelho, Gretchen, o sertanejo Xororó e a dançarina Tiazinha, todos já viram discos.

O que me intriga é que isso nunca tenha acontecido com pessoas como Millôr Fernandes, D. Paulo Evaristo, José Mindlin ou a ministra Cármen Lúcia. O mais parecido com eles, e que admitiu ter visto, foi o ex-presidente Fernando Henrique. Mas alguém devia estar fumando um na sua presença.

Só estranho Paul ter esperado tanto para fazer esta revelação. Ou, quem sabe, o tempo certo é agora, em que ele está lançando um disco chamado “Egypt Station”. Os egípcios também são do ramo, você sabe.

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