Popeye, o marinheiro das histórias em quadrinhos, está fazendo 90 anos. Foi criado em janeiro de 1929, pelo ilustrador Elzie Segar. “O Som e a Fúria”, de William Faulkner, “Adeus às Armas”, de Ernest Hemingway, e “Cartas a um Jovem Poeta”, de Rainer Maria Rilke, também estão fazendo 90 anos, mas vamos nos concentrar em Popeye.
Ele pode ter sido o inventor do merchandising nos quadrinhos. Por sua causa, as crianças americanas foram obrigadas a comer espinafre, que, nos EUA, era vendido em lata nos supermercados. Foi o que nos salvou aqui —não tínhamos espinafre em lata, nem supermercados.
Outro personagem, seu amigo Dudu, fez mais pela aceitação do cheeseburger na América do que qualquer campanha publicitária, confirmando a tese de que os americanos são capazes de comer qualquer coisa que venha entre dois pães e pingue. Hoje, o cheeseburger é a alimentação básica de bilhões de jovens no mundo.
Sua namorada, Olivia Palito, nunca foi associada a nenhum produto, mas teve seu nome usado para descrever milhares de mulheres consideradas horrendas e magérrimas, num tempo em que elas ainda não tinham tomado as reportagens de moda. E o cachorro Eugênio, que, ao latir, fazia “Jeep! Jeep!”, pode ter inspirado o nome do famoso veículo lançado pelos EUA na Segunda Guerra.
Mas quem garantiu a popularidade de Popeye no Brasil foi o caricaturista argentino Lorenzo Molas. Ao criar para O Globo, em 1936, os símbolos dos times de futebol do Rio, ele fez de Popeye o Flamengo. Popeye usava um uniforme preto com gola vermelha. Molas já o vestiu direto com a camisa do Flamengo, e os dois foram felizes para sempre na forma de bonecos e inúmeros objetos.
Até que, em 1969, a torcida do Botafogo, num jogo contra o Flamengo, soltou um urubu vivo no Maracanã. Naturalmente, logo o adotamos como símbolo do clube, e um urubu desenhado por Henfil aposentou o querido Popeye.
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