Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

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Ruy Castro

A morte do jogador

Valdiram passou por 18 clubes e eles não viram o ser humano que precisava de ajuda

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Valdiram jogou pelo Vasco até 2007
Valdiram jogou pelo Vasco até 2007 - Divulgação/Vasco

O futebol perdeu mais um jogador: Valdiram, 36 anos, ex-Vasco e ex-20 outros clubes. Foi achado morto a pauladas na cracolândia de São Paulo no sábado último (20). Mas não foi aí que o futebol o perdeu. Já estava perdido para o futebol havia anos. Era um caso grave de dependência química, envolvendo álcool, maconha, cocaína, crack. A partir de certo estágio, a droga de preferência passa a ser todas. E Valdiram não começou a usá-las por estar deprimido, mas, ao contrário, por estar eufórico e com dinheiro para comprá-las.

De 2007, quando foi demitido do Vasco por este problema, a 2011, quando teve de encerrar a carreira, Valdiram passou por 18 clubes. Mais de quatro por ano, sendo que, em alguns, mesmo os mais modestos, não chegou a completar um mês. Os dirigentes, ingênuos ou desinformados, o contratavam e, quando se davam conta do seu estado, o dispensavam. Mas, logo depois, Valdiram estava em outro clube. Como se explica?

Seu empresário ou empresários. Durante esses anos, eles o venderam e revenderam Brasil afora, talvez por bom dinheiro. Só não tomaram a única atitude que poderia tê-lo salvo, até mesmo como jogador: a internação em clínicas onde ficasse à distância das substâncias e dos traficantes, e ao alcance dos médicos, terapeutas e colegas de internação. 

É verdade que, em 2018, depois de o jornal Extra tê-lo encontrado dormindo na rua, em Bonsucesso, aqui no Rio, o Vasco o internou. Valdiram ficou quatro meses numa instituição. Mas, ao sair, voltou à ativa da droga e acabou na rua, em São Paulo. Vários fatores podem ter contribuído para o fracasso dessa internação: o tratamento, interferências externas, o próprio Valdiram. Talvez fosse o caso de internação por um ano. 

Mas certamente era o caso de alguém nos outros clubes, por onde passou, ter visto nele não o atleta problemático a ser descartado, mas um homem que precisava de ajuda. 

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