Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Ruy Castro

Com o nosso dinheiro

Cada decreto estapafúrdio mobiliza um pelotão de gente em Brasília

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Até parece que o presidente Jair Bolsonaro recebeu de seus antecessores um país tranquilo, próspero e equilibrado, com a população desfrutando do pleno emprego e os investidores competindo para botar seu dinheiro aqui. Um país tão bem resolvido que o presidente pode dar-se ao luxo de, entre vários disparates diários, concentrar-se numa medida que, por mais rejeitada, ele adora trazer de volta com variações.

É a questão das armas. O jornal O Estado de S. Paulo fez, nesta quarta (26), um levantamento dos decretos de Bolsonaro sobre o assunto. No dia 15 de janeiro, quase que ainda de faixa presidencial, e como se a nação não pensasse em outra coisa, Bolsonaro “flexibilizou” —facilitou— a aquisição de armas de fogo pelos cidadãos, desde que as mantivessem em casa ou em seu comércio. 

Jair Bolsonaro durante sua participação na Marcha para Jesus
Jair Bolsonaro durante sua participação na Marcha para Jesus - Nacho Doce/Reuters

No dia 7 de maio, insatisfeito, revogou o decreto e soltou outro, garantindo a 19 categorias andarem armadas nas ruas por, segundo ele, se sentirem em risco —caminhoneiros, advogados, políticos, jornalistas, passeadores de cachorro. Abriu também a possibilidade de o cidadão comum adquirir um fuzil e de entrar armado em aviões. No dia 22 de maio, diante da grita, restringiu o porte do fuzil e o de armas em aviões, mas manteve o das 19 categorias, além de permitir que atiradores esportivos —inclusive vizinhos de milicianos nos condomínios da Barra— comprassem milhares de balas por ano.

No dia 18 último, tendo o Senado derrubado os decretos por inconstitucionais, Bolsonaro, prevendo novas derrotas, revogou-os, mas, nesta terça (25), reeditou-os fatiados, esperando que alguns passem, e na quarta (26), outro. 

Cada decreto mobiliza um pelotão de homens-hora —assessores, ministros, constitucionalistas, juízes, congressistas— que poderiam estar tratando de assuntos mais urgentes. E tudo isso, como dizem os fãs de Bolsonaro, com “o nosso dinheiro”.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.