Em 1948, Tony Curtis e Walter Matthau eram dois jovens atores de Nova York que sonhavam com o cinema. Tony, muito bonito, foi convidado a um teste em Hollywood. Walter, mais talentoso, mas feio, ficou para trás, torcendo pelo amigo. Três meses depois, Tony voltou a Nova York para buscar suas coisas. Da janela do táxi, viu Walter na rua. Pôs a cabeça para fora e, em vez de dizer-lhe que a Universal o contratara por sete anos, gritou: "Walter! Transei com Rhonda Fleming!".

A ruiva Rhonda Fleming, tão jovem quanto eles, já era famosa no cinema como a "Rainha do Technicolor". Mas só lhe davam papéis bobos, em filmes como "A Rainha da Babilônia" e "Escravas do Harém", e ela, boa atriz em potencial, não tinha o prestígio que merecia. Em 1948, no entanto, namorá-la era tirar a figurinha carimbada da bala Fruna. Tony Curtis e Walter Matthau já morreram faz tempo, e Rhonda Fleming, aos 97 anos, está viva, ativa e em Hollywood. Talvez ainda ruiva.

Há dias, na morte de Olivia de Havilland, aos 104, os obituários falaram, como sempre, no "fim de uma era". Mas, neste momento, além de Rhonda Fleming, outras grandes estrelas daquela época continuam firmes. Eva Marie Saint, de "Sindicato de Ladrões", está com 96 anos; Angela Lansbury, de "Sob o Domínio do Mal", com 95; Gina Lollobrigida, de "Pão, Amor e Fantasia", com 93; Jane Powell, de "Núpcias Reais", e Vera Miles, de "O Homem Errado", com 91; Joanne Woodward, de "As Três Faces de Eva", Tippi Hedren, de "Os Pássaros", e a nossa Fernanda Montenegro, com 90.

Na categoria juniores, Angie Dickinson, Carroll Baker, Claire Bloom e Leslie Caron chegaram aos 89; Kim Novak, Monica Vitti e Joan Collins, aos 87; Sophia Loren, Shirley MacLaine e Shirley Jones, aos 86; Julie Andrews e Brigitte Bardot, aos 85.

Um dia, alguém escreverá outra coluna como esta, com a turma que está hoje na casa dos 70. As eras não têm fim.