Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Ruy Castro

Prisioneiro de uma geração

Burt Bacharach, autor da trilha sonora dos anos 60, ressurge com uma canção nova. Mas para quem?

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Telegrama internacional informa que Burt Bacharach, pianista e compositor, acaba de lançar uma canção: "Bells of St. Augustine", balada "jazz-pop, suave e melancólica". Para quem gosta de música, é boa notícia —toda nova canção é bem-vinda e mais ainda por ser de Bacharach. Triste é saber que é sua primeira desde 2005. O que ele andou fazendo nesses 15 anos para só agora, aos 92, nos brindar com uma música? Fechou o piano e, quando o abria, era só para repassar antigos sucessos para os amigos?
Bacharach, tanto quanto Tom Jobim, Henry Mancini e Lennon e McCartney, compôs a trilha sonora dos anos 60. De 1965 até o fim da década, não se passava um mês sem uma de suas maravilhas, em parceria com o letrista Hal David.

Era impossível escapar. Com Dionne Warwick ou ele próprio, sua música estava no rádio, no cinema e nos toca-discos. Era uma saraivada de sucessos comparável à dos Beatles: "Close to You", "Wives and Lovers", "Reach Out for Me", "Walk on By", "A House is Not a Home", "What the World Needs Now is Love", "Alfie", "Bond Street", "The Look of Love", "The Windows of the World", "I Say a Little Prayer", "Do You Know the Way to San José?", "This Guy’s in Love With You", "I’ll Never Fall in Love Again", "Raindrops Keep Falling on my Head". Foi quando, por algum motivo —talvez por querer uma música mais adulta—, desembarquei de Bacharach.

O pianista e compositor norte-americano Burt Bacharach posa para foto
O pianista e compositor norte-americano Burt Bacharach - Divulgação

Não que sua música não fosse adulta. Ao contrário, a beleza melódica, sofisticação harmônica e leveza rítmica só tinham equivalentes na bossa nova. Mas Bacharach criara um som tão pessoal e "jovem" que parecia exclusivo dos meninos daquela geração. De repente, amadurecemos e o deixamos para trás. Ouvir Bacharach, hoje, é uma viagem.

A pergunta certa seria: o que ele andou fazendo desde 1970? Música, certamente. Mas talvez adulta demais para os meninos que se seguiram, fãs de rock e de mais nada.

O compositor Burt Bacharach e a cantora Dionne Warwick, em apresentação em Los Angeles, em 2012
O compositor Burt Bacharach e a cantora Dionne Warwick, em apresentação em Los Angeles, em 2012 - Jonathan Alcorn - 26.mar.12/Reuters

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.