Ouvi isto mais de uma vez: "Não gosto de musical. No meio da cena, o sujeito para de falar e começa a cantar!". Sempre respondi: "É porque é um musical. Se fosse um faroeste, o sujeito pararia de falar e sairia a cavalo dando tiros". E, com essa frase, devo ter convertido alguns infiéis. Hoje é diferente. As pessoas passaram a gostar de musicais, inclusive de teatro, vide os ônibus que, até a pandemia, desovavam hordas de brazucas na Broadway.
Tenho falado de musicais neste espaço. Faltou dizer que, a partir de 1960, com a quebra dos estúdios, Hollywood teve de trocar suas produções autóctones, feitas diretamente para o cinema, como "Cantando na Chuva" e "Sinfonia de Paris", pelos sucessos da Broadway, que já traziam tudo pronto: enredo, música, coreografia, o elenco original e, principalmente, a publicidade. Foi o que garantiu o estouro de filmes como "West Side Story" (1961), "My Fair Lady" (1963) e "A Noviça Rebelde" (1964) —já tinham sido estouros no teatro. E, como estes, muitos outros.
Em 1962, Hollywood soltou "Em Busca de um Sonho", com Natalie Wood, e "Vendedor de Ilusões", com Robert Preston. Em 1963, "Adeus, Amor", com Dick Van Dyke. Em 1967, "Camelot", com Richard Harris, e "Como Vencer na Vida Sem Fazer Força", com Robert Morse. Em 1968, "O Caminho do Arco-Íris", com Fred Astaire, e "Funny Girl, a Garota Genial", com Barbra Streisand.
Em 1969, "Hello, Dolly!", também com Barbra, e "Charity, Meu Amor", com Shirley MacLaine. Em 1971, "Um Violinista no Telhado", com Topol. Em 1972, "O Homem de la Mancha", com Peter O'Toole, e "Cabaré", com Liza Minnelli. Em 1978, "Nos Tempos da Brilhantina", com John Travolta, e "O Mágico Inesquecível", com Diana Ross. Todos ótimos, todos vindos do teatro.
Não, "Os Embalos de Sábado à Noite" (1977) não veio da Broadway. Já nasceu no cinema. E, eu sei, faltou citar outros dos seus favoritos. Faltou também espaço.
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