Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Ruy Castro

Nem tudo era Hollywood

Muitos países produziam musicais. Seus filmes podiam não ser de primeira, mas a música era

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A respeito dos artigos neste espaço sobre os filmes musicais da era clássica, o leitor Jesse Grimberg lembrou que a música no cinema não se limitava a Hollywood, e citou a produção de Argentina, México, Espanha, França e do próprio Brasil. É verdade. Seus musicais podiam não ser grande coisa, mas a música era, e muitos de seus intérpretes tiveram estupenda carreira internacional, inclusive entre nós.

Carlos Gardel (1890-1935), por exemplo, nunca foi só dos argentinos. Seus filmes, como “No Dia em Que me Queiras” e “Tango Bar” (1935), passados numa Buenos Aires de estúdio, eram rodados em Nova York e Paris e faziam longas temporadas nos nossos cinemas. Todos queriam ver Gardel cantando “Volvió una Noche” ou “Por Una Cabeza”. Seu sucessor Hugo Del Carril (1912-89) também arrastava multidões na Cinelândia.

Do México, que tinha um mercado cativo no Rio, vinham os filmes de Libertad Lamarque (1908-2000), Jorge Negrete (1911-53) e Pedro Infante (1917-57). Da Espanha, os de Sarita Montiel (1928-2013), como “A Última Canção” (1957), “A Violeteira” (1958), “A Rainha do Chantecler” (1962), e o Brasil, não contente, exigia que ela viesse em pessoa com eles. Você dirá que seus filmes não chegavam aos pés dos musicais da MGM, e terei de concordar. Mas nenhuma atriz dos musicais da MGM, exceto Cyd Charisse, chegava aos pés de Sarita Montiel.

Os musicais franceses eram poucos, mas diferentes —eram também excepcionais como cinema: “O Milhão” (1931), de René Clair, “French Cancan” (1955), de Jean Renoir, “Uma Mulher É Uma Mulher” (1961), de Jean-Luc Godard. Sem contar “Os Guarda-Chuvas do Amor” (1964) e “Duas Garotas Românticas” (1967), de Jacques Démy, um dos quais (você escolhe) está, para mim, entre os dez maiores musicais de todos os tempos.

O leitor citou ainda as chanchadas da Atlântida. Na época, eu, esnobe, as achava horríveis. Mas não perdia uma.

LPs de Sarita Montiel e Libertad Lamarque, EP de “Uma Mulher é uma Mulher”, laser disc de “Os Guarda-Chuvas do Amor”, DVDs de “O Milhão” e “French Cancan” e revista de modinhas de Carlos Gardel
LPs de Sarita Montiel e Libertad Lamarque, EP de “Uma Mulher é uma Mulher”, laser disc de “Os Guarda-Chuvas do Amor”, DVDs de “O Milhão” e “French Cancan” e revista de modinhas de Carlos Gardel - Heloisa Seixas

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.