No próximo dia 21 de setembro, um grande brasileiro faria cem anos: o craque Zizinho (1921-2002). Era meia e atacante, mestre do drible, do passe e do gol —chamavam-no Mestre Ziza— e, de 1939 a 58, defendeu o Flamengo, o Bangu e o São Paulo. Foi o maior jogador brasileiro de seu tempo e um dos maiores do mundo. Infelizmente, o mundo não sabia disso. Nossos clubes iam pouco à Europa, os europeus raramente vinham aqui e as seleções só se enfrentavam nas Copas do Mundo.
Zizinho poderia ter jogado quatro Copas: em 1942, 46, 50 e 54. Mas as de 42 e 46 não aconteceram, por causa da Guerra, e a então CBD ousou não convocá-lo em 54. Restou-lhe a de 50, no Brasil, da qual saiu, naturalmente, o melhor do torneio pela Fifa. Em sua carreira, jogou 54 partidas pela seleção, mas nenhuma fora do continente. E já tinha 30 anos, em 1951, quando a Europa o viu pela primeira vez, numa excursão do Bangu.
Daí, quando os críticos europeus fazem hoje suas listas de 50 ou 100 maiores craques da história, seu nome não aparece. Eles só enxergam a si mesmos, e quem mandou Zizinho ser de Niterói, não de Budapeste, como Puskás, ou de Stoke-on-Trent, como Stanley Matthews? Além disso, os autores dessas listas têm hoje menos de 50 anos. É natural que prefiram seus contemporâneos.
Diz-se que não se pode comparar jogadores de épocas diferentes. Nesse caso, Messi e Cristiano Ronaldo que botem as barbas de molho. Quem provará em 2070 que eles jogavam tanto? Você dirá que há milhões de registros sobre suas façanhas. Sim, nas mídias atuais —mas elas ainda valerão em 2070? As façanhas de Zizinho também estavam em toda a mídia da sua época. Será que os milhares de jornalistas, fotógrafos, radialistas e torcedores que o idolatravam estavam delirando?
Se a glória de Ziza tiver de ser só nacional, que seja. Talvez até lhe bastasse a famosa frase de um garoto que dizia querer ser Zizinho quando crescesse —Pelé.
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