Anunciada a morte de Stephen Sondheim nesta sexta (26), uma eternidade se passou em minutos. Todas as frases foram ditas, as canções relembradas, sua história contada, as verdades repetidas --o maior nome da Broadway em todos os tempos; o maior compositor americano, música e letra, maior até do que Cole Porter, Rodgers & Hart e Irving Berlin; e uma perda só comparável à de Frank Sinatra, Duke Ellington e George Gershwin.
Os apaixonados por Sondheim discutimos quais entre seus musicais os que mais amávamos --"Company" (1970), "Follies" (1971), "A Little Night Music" (1973), "Sweeney Todd" (1979), "Sunday in the Park with George" (1984), "Assassins" (1990)? E por que não "West Side Story" (1957) e "Gypsy" (1959), embora estes não fossem exatamente dele, só as letras? Mas que letras --"Something Is Coming" e "Jet Song", em "West Side Story", "All I Need Is the Girl" e "Everything's Coming Up Roses", em "Gypsy".
De quantas de suas canções não decoramos cada melodia, cada acorde, cada verso? "Comedy Tonight", "Anyone Can Whistle", "With So Little To Be Sure Of", "Barcelona", "Sorry-Grateful", "Being Alive", "The Ladies Who Lunch", "Beautiful Girls", "I'm Still Here", "Losing My Mind", "I Remember", "Pretty Women", "Not A Day Goes By", "So Many People", "Good Thing Going". E diziam que ele não compunha canções! E "Send In The Clowns"? E a trilha de "Stavisky" (1974), filme de Alain Resnais, uma maravilha instrumental? E "Sooner Or Later", a canção de "Dick Tracy" (1990) que lhe deu um Oscar?
Será possível escolher entre tantos songbooks que já lhe dedicaram? De quais de suas estrelas nunca nos esqueceremos --Lee Remick, Barbara Cook, Elaine Stritch, Angela Lansbury, Bernadette Peters? E, fora dos scores originais, como preferíamos Sondheim --sinfônico, jazzístico, intimista?
Sondheim via sua arte como a confecção de um chapéu. E, que pena, o chapéu agora está pronto.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.