Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Ruy Castro

Aconteceu em 1922

Um importante evento está sendo esquecido: a Exposição Internacional do Centenário da Independência

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Falando nas efemérides de 2022, nada superará as comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922. Vide o tsunami de livros, palestras e exposições com que já estamos sendo brindados. Já o bicentenário da Independência terá sorte se for ao menos lembrado nos próximos meses. Sorte essa que não passará nem perto de outro importante evento de 1922, até agora esquecido: a Exposição Internacional do Centenário da Independência, no Rio.

Ela foi inaugurada no dia 7 de setembro daquele ano e durou dez meses. Seu espaço, do Passeio Público ao atual aeroporto Santos-Dumont, foi ocupado pelos pavilhões de 14 países, alguns deles EUA, Inglaterra, França, Itália, Portugal, Japão, México, Argentina. Cada delegação trouxe centenas de pessoas, o que fez com que hotéis, como o Glória, fossem construídos para recebê-las. E, entre brasileiros e estrangeiros, foi visitada por 3 milhões de pessoas —200 mil só no primeiro dia.

O material trazido pelos países, entre maquinário e produtos, veio em toneladas --de motores ingleses e automóveis italianos a leques japoneses e metralhadoras americanas. Em todas as áreas, industriais, comerciais e culturais, firmaram-se acordos, intercâmbios e parcerias. Houve dezenas de congressos e debates.

O Brasil foi apresentado a novas tecnologias e ideias. Ali o país conheceu o rádio, ganhou o seu primeiro serviço de meteorologia, falou a um telefone automático, reconheceu a profissão de arquiteto, debateu o voto feminino. E também se mostrou ao mundo. Para todos na época, era o nosso grande ingresso na modernidade.

A Semana de Arte Moderna também foi formidável. Durou uma noite, uma tarde e uma noite no Teatro Municipal de São Paulo —uma vesperal, uma matinê e outra vesperal. Ouviu-se Villa-Lobos, recitaram-se poemas, exibiram-se quadros, discutiu-se a colocação dos pronomes e pregou-se o uso de "milhor" em vez de "melhor".

Vista noturna da Exposição Internacional do Centenário, em 1922, no Rio
Vista noturna da Exposição Internacional do Centenário, em 1922, no Rio - Divulgação

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.