Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

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Ruy Castro

Matar ou morrer por ele

Bolsonaro prega guerra civil abertamente em seus discursos

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Leitores me perguntam sobre a coluna desta quinta-feira (4), em que descrevo a última saída de Bolsonaro para evitar sua derrota certa na eleição, com subsequente perda de imunidade, um tsunami de processos e 600 anos de cadeia. Essa saída seria criar uma situação que o impedisse de concorrer e lhe permitisse dizer-se vítima de golpe, levantar seus seguidores armados e levar o país à guerra civil. Alguns querem saber se tenho informações privilegiadas para afirmar isso. A resposta é não, mas é claro que tenho: do próprio Bolsonaro.

Em seus discursos diários pelas províncias, muitos dos quais nem ficamos sabendo —mas sua militância, sim—, Bolsonaro prega a luta armada com todas as letras. O inimigo a ser exterminado é, por enquanto, um ente indeterminado. São os que querem "roubar a liberdade do povo". Mas quem são eles e liberdade de quê? Não importa. A cada frase, Bolsonaro é ovacionado com salivações pavlovianas. Supõe-se que, ao receber uma ordem mais direta sobre quando e contra quem atirar, essa massa tirará seus fuzis do armário, lubrificados e municiados, e marchará para o confronto.

Há 20 anos, o então deputado Jair Bolsonaro já dizia numa entrevista de TV, hoje facilmente disponível na internet: "Através do voto não vai mudar nada neste país! Nada! Absolutamente nada! Só quando nós partirmos para uma guerra civil! Se vai morrer gente inocente, tudo bem! Em toda guerra morre gente inocente!".

Bolsonaro era um ingrato ao dizer isso. O voto já mudara sua vida, de uma triste obscuridade roceira para a afluência das rachadinhas e dos imóveis comprados com dinheiro vivo. No futuro, o voto lhe daria também a Presidência. Mas a ideia da luta armada como solução final para se eternizar no poder nunca lhe saiu da cabeça. Hoje sabe que não tem alternativa. É chamar os inocentes para matar ou morrer —por ele.

Basta ouvir seus discursos.

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