Sandro Macedo

Formado em jornalismo, começou a escrever na Folha em 2001. Passou por diversas editorias no jornal e atualmente assina o blog Copo Cheio, sobre o cenário cervejeiro, e uma coluna em Esporte

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Descrição de chapéu tênis

Banheiro do US Open deve ser mais cheiroso do que os outros

Toalete do Grand Slam criou vilões, desfez amizades e foi chamado até de estratégico

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Muitas vezes um jogo de tênis profissional fica tenso, apertado. Se for de Grand Slam, beira o incontrolável. E o que fazer na hora do aperto? Vai ao banheiro, claro.

Mas o banheiro do US Open deve ser mais cheiroso que os outros, talvez tenha fotos de momentos históricos ou uma música ambiente relaxante. O fato é que o toalete do Grand Slam americano criou vilões, desfez amizades e foi chamado até de “estratégico”. Será lembrado por anos depois da edição de 2021.

O senhor do banheiro foi o grego Stefanos Tsitsipas. Desde a primeira rodada, quando o número 3 do ranking perdia um set ou se via em dificuldades, corria para o banheiro. E demorava, seis, sete, oito minutos, para desespero de rivais como Andy Murray, que reclamou com juiz e conclamou a torcida para o seu lado.

O grego Stefanos Tsitsipas se prepara para ir ao banheiro na partida contra o espanhol Carlos Alcaraz - Robert Deutsch - 3.set.21/USA Today Sports

Murray foi eliminado, Tsitsipas continuou indo ao banheiro, recebido sob vaias na volta à quadra. Em algum momento, quando corria para o toalete, alguém da organização o redirecionou para outro banheiro, mais perto da quadra. Quebrou o encanto. Tsitsipas perdeu.

O grego não inaugurou a tática no US Open. Em Cincinnati, uma semana antes, ele havia ficado oito minutos no toalete em jogo contra Alexander Zverev. O alemão venceu a partida, mas insinuou que o rival poderia estar recebendo orientações do técnico, que é também o pai, no reservado.

Toda a catimba rendeu a Tsitsipas um carinhoso apelido dado por Fernando Nardini na transmissão da ESPN, Xixipas.

Na verdade, ir ao banheiro no meio de um jogo importante não é invenção de grego. Novak Djokovic já fez isso uma vez ou outra, inclusive no Roland Garros deste ano. E admite que a ideia é resetar a cabeça, trocar de roupa e fazer alguma outra necessidade.

Nas quartas de final do US Open, Djokovic e Matteo Berretini deram aquela pausinha no banheiro. E virou um grande momento. Será que vai demorar? Será que o rival vai reclamar? A torcida vai vaiar?

Eu mesmo saí da sala no meio de um game, mas não no fim do set. Aguardava ansioso para ver quem ia para o banheiro primeiro.

Na chave feminina, a espanhola Gabriñe Muguruza ficou furiosa quando, no meio de sua reação, durante o set, a tcheca Barbora Krejcikova saiu para o vestiário, alegando que estava passando mal. A cara da tcheca sugeria que ela poderia desmaiar de exaustão. Mas ela foi até o fim e venceu. Na rede, Muguruza apertou a mão da rival e a chamou de “antiprofissional”, na cara.

Depois Krejcikova disse que estava com fortes cólicas e que ficou chateada com a espanhola. “Me senti humilhada”. E de fato ela foi eliminada na rodada seguinte, quando estava fisicamente muito mal. Talvez Muguruza tenha se arrependido, mas agora é tarde. Entrou no banheiro ou correu para o vestiário, virou culpado.

Comecei a devorar esportes na TV nos anos 1980. Na F1, quem brilhava era Nelson Piquet. Eu era um “piquetzete”. Achava o piloto o mais genial e vibrei com os três títulos.

Fora da pista, desde aquela época, o piloto não era exatamente um filósofo humanista. Ver Piquet, agora empresário, passando de lenda da F1 para motorista de Rolls-Royce de presidente negacionista foi triste.

Piquet conduz o Rolls-Royce do presidente negacionista - Pedro Ladeira - 7.set.21/Folhapress

Talvez a única coisa que Piquet e Bolsonaro tenham em comum seja o gosto por chamar a Globo de “globolixo”. Provavelmente seriam grandes amigos na quinta série.

Não tenho interesse em ver uma entrevista de Piquet sobre o mundo atual, mas ainda não consigo apagar a lembrança afetiva do piloto dos anos 1980… por enquanto.

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