Sandro Macedo

Formado em jornalismo, começou a escrever na Folha em 2001. Passou por diversas editorias no jornal e atualmente assina o blog Copo Cheio, sobre o cenário cervejeiro, e uma coluna em Esporte

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Clubes não querem mais técnicos brasileiros, querem estudiosos

Até a estreia na Série A, o número da armada estrangeira ainda tem tempo para aumentar

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Tanta coisa aconteceu desde a pandemia que parece às vezes que o surto foi de Covid-13 ou Covid-14.

Veja o maravilhoso mundo dos técnicos no futebol brasileiro, por exemplo. Até meados de 2019 ninguém achava que precisava de um estrangeiro para chamar de seu. Dorival Júnior e Mano Menezes eram os nomes que pipocavam sempre que um time procurava um novo professor —de alguma forma, parece que Dorival e Mano estão sempre disponíveis. E se dizia na época que Tite estava apenas esquentando o banco para Renato Gaúcho, que seria o próximo técnico da seleção. Era uma certeza…

Veio Jesus. E o mundo mudou. Agora, quando um time chamado grande fica sem técnico, só se fala em português. Não que não tivesse uma ou outra investida em treinadores estrangeiros antes. Mas o alvo preferencial eram sempre latino-americanos, como Rueda, Gareca e Osorio.

A Premier League já teve sua pequena marola (não chegou a ser uma onda) de portugueses, capitaneada por José Mourinho, como também já teve de franceses. Agora, a liga mais rica do planeta está numa vibe mais alemã, por culpa de Jürgen Klopp.

Por aqui, vez ou outra tem uma pequena má vontade de analistas ao comentarem o motivo da procura dos clubes por portugueses —todos querem um novo Jesus. Falam, com razão, que técnico português não é tudo igual. É verdade.

Mas tentando olhar o copo meio cheio, quando os times daqui procuram por portugueses, o que estão procurando é um técnico estudioso europeu, que consiga entender o material humano e arrancar o melhor dele taticamente. O motivo de os procurados serem apenas portugueses é óbvio: a língua. Se em terra brasilis se ensinasse alemão na escola, certeza que estaríamos atrás do professor do Mainz, do Leverkusen ou algo parecido. Mas somos um povo limitado na educação. Mal entendemos o espanhol.

O argentino Jorge Sampaoli fez 947 entrevistas coletivas por aqui e até hoje eu não tenho ideia do que ele falou. Se tivesse um excelente treinador grego dando sopa por aí, com desconto, ninguém contrataria, mas renderia ótimos títulos.

Por isso queremos portugueses. Porque estudam e são inteligentes ao armar times. Só o papinho motivacional no vestiário não resolve mais. Jesus e Abel, o do Palmeiras, são completamente diferentes, e ambos foram muito bem-sucedidos com o ofensivo Flamengo e o tático Palmeiras.

​Antes da Covid, lembro que estava começando a ganhar corpo um curso para técnicos que a CBF tornou obrigatório para os professores locais. Renato Gaúcho ficou puto, atrapalharia as férias dele, com direito a futevôlei nas areias cariocas.

Corinthians e Botafogo ficaram sem treinadores e não vi o nome de Renato, Dorival ou Mano ser cogitado uma única vez. Os dois clubes foram atrás de portugueses (a princípio, o mesmo).

A Série A deve começar com 20% de treinadores lusos (Palmeiras, Flamengo, Corinthians e Botafogo, ainda a confirmar). E tem outros cinco do grupo "hermanos" (Atlético-MG, Coritiba, Fortaleza, Santos e Internacional). E até o início da primeira rodada, no começo de abril, o número da armada estrangeira ainda tem tempo para aumentar.

Se for para ter jogos bons, como foi o Atlético-MG x Flamengo da Supercopa, por que não?

Apelo/campanha
Kia, depois de ter dado um carro para o Hulk, melhor jogador da Supercopa, manda um carro para a Gabi Zanotti, corintiana que foi a melhor da Supercopa do Brasil feminina. Além do merecimento óbvio, certeza que terão mais retorno de mídia.

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