Sandro Macedo

Formado em jornalismo, começou a escrever na Folha em 2001. Passou por diversas editorias no jornal e atualmente assina o blog Copo Cheio, sobre o cenário cervejeiro, e uma coluna em Esporte

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Neymar, solução no Qatar, não para o clube do Qatar

Se o país não quer mais o jogador em seu time, que se renda em seus gramados

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No ano passado, acompanhar Messi sair do Barcelona foi como ver a mãe e o pai se divorciando. Traumas para todos os lados. Neste ano, inesperadamente, parece que Neymar começa a ganhar os holofotes da janela de transferência. Notícia tão surpreendente quanto o final de "O Sexto Sentido": "Eu vejo o Neymar saindo do PSG…".

E parece que é isso mesmo. O PSG não quer mais Neymar, informação divulgada pelo El País e não negada pelo clube. O P do PSG significa Projeto, não Paris. PSG não tem nada a ver com Paris há tempos —a não ser pelo esforço de manter o parisiense Mbappé, mas isso é coincidência.

Ou seja, quem não quer mais Neymar é o Qatar, que controla o Projeto Saint-Germain. É estranho ouvir que um time não quer Neymar, jogador mais habilidoso do mundo, que não consegue ser o melhor atleta do mundo. Mas essa é uma outra discussão.

Neymar tem seu futuro incerto com a camisa do PSG, da França
Neymar tem seu futuro incerto com a camisa do PSG, da França - Anne-Christine - 8.mai.22/AFP

Neymar é desses jogadores odiados por todos os times adversários, mas que deveria ser idolatrado pelo seu clube. Que torcedor não quer o Neymar reforçando o seu time, apesar da bagagem extracampo?

Ao mesmo tempo, a discussão agora é que time pode abrigar Neymar quando ele se tornar um sem-clube? A resposta óbvia seria Barcelona. O próprio Ney, nos tempos de menino, fez biquinho (biquinho é algo bem francês) no PSG e pediu para voltar ao time catalão, do qual nunca deveria ter saído. O PSG fez jogo duro e Neymar ficou —e ali a relação com a torcida subiu no telhado.

Real Madrid aparentemente não quer —mas seria engraçado vê-lo no time merengue depois do flop com Mbappé. O Bayern não teria dinheiro nem vendendo toda a cerveja de Munique.

Sobram os ingleses da Premier League, times com grana para bancar o camisa 10 da seleção. Quem se apresentou primeiro foi o Chelsea, clube sem problemas com dinheiro, que pode rasgar algo em torno de 100 milhões de euros de um ano para o outro, como estão fazendo com Lukaku. E o Chelsea tem o técnico Thomas Tuchel, que conhece Ney, e o zagueiro Thiago Silva, parça de seleção.

Tem também o Manchester United, que até agora não se movimentou muito na janela. Já pensou Cris Ronaldo e Ney tabelando no mesmo idioma? Também tem o City (seria trocar o Qatar pelos Emirados Árabes Unidos), um time barcelonista entre os ingleses, cortesia de Pep Guardiola. E teria ainda o meu pobre Arsenal, com seu diretor técnico Edu Gaspar, que trabalhava com Tite e é lembrado entre outras coisas pela célebre entrevista na Copa da Rússia, quando disse que "não é fácil ser Neymar". No Arsenal, ele teria a chance de treinar o entrosamento com Gabriel Jesus, recém-contratado.

Nesta semana, Tite precisou responder no podcast "Sexta Estrela", comandado pelo jornalista Alexandre Lozetti, dos canais SporTV, se Neymar era um problema. "Ele não é problema, ele é solução. A posição dele faz com que ele erre mais, porque em uma que faça em termos criativos ele vai ser decisivo."

De fato, Neymar tem uma última chance de provar para todos que é solução para qualquer um e calar os críticos —inclusive este escriba. Diferentemente do que ocorre com outros supercraques, seu foco em 2022 não deve ser a Champions, mas sim a Copa. Se chegar preparado física e mentalmente, poderá fazer a diferença tecnicamente. Se o Qatar não quer mais o jogador em seu time (locado em Paris), que o Qatar se renda ao talento do jogador em seus gramados no fim do ano. Amém.
*
Os deuses do futebol existem, sim. E têm senso de humor afiado. Que tal esta: o ex-árbitro Leonardo Gaciba deixou de ser comentarista de arbitragem no SporTV em 2019 para assumir a comissão de arbitragem da CBF. Após um período calamitoso, com as arbitragens unanimemente criticadas, foi demitido em abril. Há alguns dias, foi contratado pela ESPN para poder comentar e falar mal da arbitragem novamente. Não é engraçado?

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