Sandro Macedo

Formado em jornalismo, começou a escrever na Folha em 2001. Passou por diversas editorias no jornal e atualmente assina o blog Copo Cheio, sobre o cenário cervejeiro, e uma coluna em Esporte

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Sandro Macedo
Descrição de chapéu tênis

Precisamos falar de Bia Haddad

Não falta à tenista brasileira nenhum requisito para integrar o seleto grupo top 10

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Leitores menos acostumados com a editoria de esporte talvez não estejam habituados ao nome da protagonista desta coluna. Mas está na hora de se acostumarem: Beatriz Haddad Maia, ou apenas Bia Haddad. Não, ela não é parente do ex-prefeito Fernando Haddad. E o que isso significa? Absolutamente nada.

Aos 26 anos, a tenista paulista de 1,85 m se tornou a primeira brasileira a vencer um torneio na grama desde que Maria Esther Bueno foi campeã em 1968. Ok, não foi Wimbledon, mas o triunfo no WTA de Nottingham é a conquista mais importante em torneios de simples para o tênis nacional em algum tempo. E não estou falando apenas do tênis feminino. O fantástico Gustavo Kuerten, por exemplo, tinha coceira quando pisava na grama. Não conseguia jogar bem de jeito nenhum.

Bia vem de um longo período de recuperação, que começou após seu afastamento do circuito por dez meses, entre 2019 e 2020, por doping, após contaminação cruzada na manipulação de vitaminas em uma farmácia. Em novembro de 2020, ocupava o 358º lugar no ranking.

Bia Haddad em ação na final do Torneio de Nottingham - Jason Cairnduff - 12.jun.22/Reuters

O título na grama aconteceu quando a moça já estava na 48ª colocação —e no caminho derrotou a grega Maria Sakkari, que era a quinta e agora é sexta na WTA.

Nesta semana, a brasileira aparece pela primeira vez na carreira entre as 40 melhores, com a 32ª posição —e na semana que vem deve entrar no top 30. Está à frente de tenistas como a ucraniana Elina Svitolina, duas vezes semifinalistas de Grand Slams, ou a japonesa Naomi Osaka, em má fase.

Em outro torneio na grama nesta semana, em Birmingham, Bia já venceu Petra Kvitova, bicampeã de Wimbledon (o segundo título foi em 2014).

O tênis feminino mundial passa por um momento de transição de ídolos. Sempre tem um número 1, claro, mas nem sempre o primeiro do ranking é o que atrai holofotes ou audiência. A supercampeã Serena Williams, que jogará em Wimbledon, mal atuou neste ano. Naomi Osaka, que tinha tudo para ser a herdeira do trono, ainda não se recuperou desde que anunciou os problemas de saúde mental.

Número 1 no começo do ano, a australiana Ashleigh Barty anunciou sua aposentadoria precoce aos 26 anos. E a atual líder, a jovem polonesa Iga Swiatek, esforça-se para ser a principal voz da atual classe —em Roland Garros, criticou abertamente a organização pela diminuição de jogos femininos no horário nobre do torneio.

Nesse contexto, é muito bom ver uma tenista brasileira em ascensão.

A talentosa Bia Haddad beija seu mais recente troféu - Jason Cairnduff - 12.jun.22/Reuters

Sem ilusões. Se jogasse dez partidas nesta semana contra Swiatek, Bia provavelmente perderia oito ou nove —mas o décimo duelo seria épico.

Porém, se parece um pouco distante da atual número 1, Bia tem mostrado nas últimas semanas que não lhe falta nenhum requisito para integrar o seleto grupo do top 10. Maria Sakkari que o diga.

Após vencer a França por 1 a 0 na Liga das Nações (torneio que tem menos relevância que a Sul-Americana de clubes), o croata Luka Modric reclamou que é impossível jogar quatro partidas em dez dias e que os jogadores nunca são consultados. Quatro jogos em dez dias são o que chamamos por aqui de "período corriqueiro".

Atualização - Round 38

Como Dorival Júnior não foi demitido do Ceará, comandou o Flamengo contra o Internacional e não perdeu nenhuma rodada, a comissão do Round 38 resolveu mantê-lo entre os sobreviventes, mas com uma advertência. Assim, continuamos com seis brasileiros e sete estrangeiros entre os sobreviventes. Mas já tem mais gente subindo no telhado.

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