Sérgio Dávila

É diretor de Redação da Folha e autor dos livros "Diário de Bagdá - A Guerra do Iraque segundo os Bombardeados" e "Nova York - Antes e Depois do Atentado".

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Sérgio Dávila

Jair Seinfeld, ou a sitcom do começo do governo

Um certo grau de barata-voa é até normal na largada, mas vaivém começou a perder a graça

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0O presidente da República, Jair Bolsonaro, durante solenidade no Palácio do Planalto, em Brasília
O presidente da República, Jair Bolsonaro, durante solenidade no Palácio do Planalto, em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

Num dos episódios clássicos de “Seinfeld”, a melhor sitcom da TV americana, exibida nos anos 90, o personagem sem nenhum caráter George Costanza pede demissão numa sexta-feira e volta ao trabalho na segunda, como se nada tivesse acontecido. 

Lembra o que ocorreu nesta semana com o breve presidente da Apex, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos. Alex Carreiro foi dispensado por seu superior, o chanceler Ernesto Araújo, mas se recusou a deixar o posto —até que o presidente interveio, e ele saiu.

O jovem governo de Jair Bolsonaro chega ao seu 13º dia com um quê de série cômica. Protagonizou dez recuos, sendo os mais recentes a suspensão da suspensão da reforma agrária e o cancelamento das mudanças no edital de compra de livros didáticos.

É natural e até esperado um certo grau de barata-voa na largada de uma administração, ainda mais no caso do grupo ora no poder, que traz consigo uma mudança nos códigos e sinais da política que vinha sendo feita, com sucessos e fracassos, há duas décadas no Brasil.

A coisa perde a graça quando os vaivéns são acompanhados de possíveis estelionatos eleitorais.

Empossado, o candidato que prometeu combater a corrupção e o apadrinhamento na administração pública colocou o amigo numa diretoria da Petrobras; seu vice viu o filho ter o salário triplicado num banco estatal; seu ministro-chefe da Casa Civil foi pego justificando despesas com notas fiscais seriadas de um conhecido; e tem o problema do desaparecido Queiroz.

Como em toda sitcom, no entanto, o governo conta com uma nêmesis caricata, e nesta semana o papel foi interpretado com louvor por Gleisi Hoffmann. A presidente do PT atravessou a rua para escorregar na casca de banana que foi a posse do ditador Nicolás Maduro, eleito num pleito de mentirinha na Venezuela.

E ainda estamos na metade do primeiro mês.

Erramos: o texto foi alterado

George Costanza pediu demissão no episódio de “Seinfeld” citado. Ele não foi demitido, como mencionado em versão anterior deste texto.

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