Formada em jornalismo e veterinária. Atuou por 13 anos na Folha. Co-autora de 'Medicina Felina Essencial' (Equalis) e 'A Caminho de Casa' (Ed. de Janeiro). Escreve aos domingos.
Presença de cães e gatos em lares faz Grã-Bretanha poupar R$ 10 bi por ano
Rodrigo Fortes | ||
Para nós, nossos cães e gatos não têm preço. Depois de comprados ou adotados, eles se tornam membros da família. E, então, têm creche, veterinário, uma diversidade de brinquedos e a melhor ração que nossa renda pode pagar. Em troca, tornam nossa vida menos estressante, menos sedentária, mais alegre e, no limite, dão mais sentido à nossa existência.
A partir desse cenário, que se repete em milhões e milhões de lares, pesquisadores ingleses decidiram levantar custos e benefícios, diretos e indiretos, que a posse de cães e gatos traz, não apenas para cada família, mas para a sociedade como um todo. O raciocínio foi feito do ponto de vista do governo da Grã-Bretanha e publicado no livro "Companion Animal Economics", da editora Cabi.
De um lado, pesam os gastos com acidentes de trânsito causados por animais, o atendimento a vítimas de mordidas e o tratamento de pacientes com doenças zoonóticas, além do desembolso com o destino de fezes e a lavagem de calçadas e dos gastos com manutenção de abrigos para os abandonados.
Do outro lado da balança, aparecem as receitas geradas pela indústria de produtos e serviços para animais e a economia proporcionada às empresas e ao sistema de saúde, considerando a redução de faltas ao trabalho e de visitas ao médico graças ao menor número de crises de depressão, otite, asma, infecções intestinais e afecções cardiovasculares entre os membros das famílias que têm pets.
O gasto do sistema de saúde com ataques de animais é estimado em R$ 12 milhões ao ano. Em contrapartida, a economia pela redução de consultas por outros males é de R$ 10 bilhões, dos R$ 530 bilhões que a Grã-Bretanha gasta em saúde todos os anos.
O estudo não chega a um número final em todos os quesitos. Qual a contribuição dos animais para a resistência a antibióticos, por exemplo? E, é claro: tudo que é gasto para um dos lados, é receita para outro.
Os abrigos mantêm cerca de 500 mil cães e gatos e custam R$ 1,4 milhão ao ano, mas empregam inúmeros médicos e funcionários. Há indícios, portanto, de que estejamos falando de muito dinheiro.
É essa a intenção dos pesquisadores: não se trata de reduzir a discussão sobre a posse de animais a uma relação simplista de custo-benefício, mas de alçá-la ao patamar que todo negócio desse tamanho merece.
Companion Animal Economics - The Economic Impact of Companion Animals in the UK. Autores: Sophie Hall, Luke Dolling, Katie Bristow, Ted Fuller e Daniel Mills. Editora: Cabi (cabi.org)
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