Já imaginou um mundo sem aves? Soa exagerado… Mas, no ritmo que as coisas vão, caminhamos para isso.
Das quase 11 mil espécies de aves existentes no mundo, 40% registraram redução de população nos últimos 30 anos. E, para 1.469 dessas espécies, a redução foi tão drástica que hoje elas correm risco de sumir do mapa. Ou seja: uma de cada oito espécies de aves está ameaçada de extinção.
Os dados constam no relatório “State of the World’s Birds”, divulgado nessa semana pela ONG Bird Life International, a partir da análise de informações coletadas desde 1988.
O levantamento faz um ranking das causas da matança e aponta para um vilão silencioso: o avanço da agropecuária, que desmata a vegetação nativa e contamina o ambiente, ameaça 74% das espécies de aves.
É o caso do tico-tico de coroa branca, que vive na Europa e na América do Norte. Ele se alimenta dos grãos das plantações, mas os inseticidas têm intoxicado os animais, que perdem a orientação migratória.
Depois da agropecuária, aparecem como responsáveis pela extinção de aves a exploração madeireira (50%) e a introdução de espécies invasivas (39%). A caça responde pelo risco imposto a 35% das espécies, e as mudanças climáticas afetam 28% delas.
A estimativa é que nos últimos 500 anos 183 espécies de aves tenham desaparecido. Desde o final do século 20, três delas já sumiram da natureza: a ariranha azul do norte da Bahia (que ainda existe em cativeiro) e duas espécies nativas do Havaí.
Cada vez que a lista é feita, aumenta o número de espécies em risco. Aos poucos, a extinção deixa de assombrar apenas as populações exóticas de ilhas remotas e chega aos pequenos e familiares pássaros de nossas cidades.
Se ainda há quem pense que extinção é coisa de dinossauro, o relatório mostra que ela está acontecendo agora, bem debaixo dos nossos olhos.
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