Sílvia Corrêa

É jornalista e médica veterinária, com mestrado e residência pela Universidade de São Paulo.

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Sílvia Corrêa

Investigação da chacina de cães chega esta semana à reta final

Rodrigo Fortes
Rodrigo Fortes

O caso é chocante. A prefeitura de Igaracy, no sertão da Paraíba, decidiu eutanasiar os cães de rua da cidade. Colocou os que conseguiu capturar em um caminhão e abateu todos eles em um galpão municipal.

Fez tudo à luz do dia. Há fotos dos animais em cima do caminhão. Depois, jogou os corpos em um aterro a céu aberto.

As ONGs gritaram, e o secretário da Saúde, um tal José Carlos Maia, conhecido como Zé Cobrinha, justificou a decisão com a seguinte pérola: “Não existe cachorro de rua saudável. Não podemos ficar com animais de rua e esperar que apareçam problemas de saúde na população. Foi uma medida drástica, mas é a que o município disponibiliza. Eu ia ficar com animais moribundos aonde?”.

A prefeitura diz que foram 31 cães. Os moradores falam em mais de 50. Não importa. Podia ter sido um.

Inacreditável? É ainda pior: há suspeita de que os cães tenham sido mortos de forma cruel e não com injeção de anestésico e de cloreto de potássio, como preconiza o Conselho Federal de Medicina Veterinária. 

Não que haja uma boa forma de eutanasiar animais saudáveis, mas há, sem dúvida, formas inaceitáveis, como bem sabe o secretário, que se diz médico veterinário.

O inquérito e a perícia da Polícia Civil chegaram na quarta (11) às mãos do Ministério Público da Paraíba, que já conseguiu a exoneração do tal Zé Cobrinha.

Os promotores devem denunciá-lo à Justiça nesta segunda (16). Resta saber que estratégia jurídica eles encontrarão para combinar leis e artigos e impedir que um crime bárbaro como esse seja punido com ridículos seis meses a um ano de prisão, geralmente substituídos por serviços à comunidade. Porque algumas pessoas não servem para prestar serviços a ninguém.

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