Tabata Amaral

Cientista política, astrofísica e deputada federal por São Paulo. Formada em Harvard, criou o Mapa Educação e é cofundadora do Movimento Acredito.

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Tabata Amaral

A urgente resposta à polarização

Falta quem defenda, a um só tempo, conter a pobreza e reformar a economia

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Não é novidade para ninguém que estamos vivendo um dos momentos de maior divisão do nosso país. Dado o holofote que a polarização proporciona para os extremos que a alimentam, quebrar esse ciclo vicioso é extremamente difícil.

Enquanto isso, é a população como um todo quem mais sofre com um fla-flu que não resolve problema algum. As forças políticas de hoje se digladiam preferencialmente nas redes, identificadas nos likes ou no ataque dos haters

O clássico “Direita e Esquerda – razões e significados de uma distinção política” de Norberto Bobbio, define a bipolarização como a “formação de um ‘nós’: nós de direita, vocês de esquerda, ou vice-versa”. Precisamos refletir sobre essa visão maniqueísta da política que trata como inimigo quem pensa diferente.

Caminhando para o fim do primeiro ano do mandato, percebo que, para muitas pessoas, é absurda a existência de uma visão de mundo para além dos polos. Ódios e paixões fazem com que a razão perca lugar. 

Enquanto isso, cada vez mais nos faz falta a existência de atores políticos que defendam o combate à pobreza e às desigualdades sociais, e a preservação do ambiente e que, ao mesmo tempo, tenham um compromisso real com o equilíbrio fiscal e com reformas estruturais que aumentem a competitividade da economia do país. 

Por mais urgente que seja, a consolidação de uma alternativa à polarização encontra hoje uma barreira no ódio e na violência que tomaram conta da política brasileira: quem opta por esse caminho abre mão dos holofotes e passa a ser massacrado pelos dois lados.

Entre as muitas teorias da conspiração utilizadas na tentativa de destruir a minha reputação, estão as acusações de que obedeço a um senhor (ou senhores) e me movo, no Congresso, de acordo com os interesses do grande capital.

No entanto, uma análise das votações parlamentares mostra que meu voto está mais à esquerda do que o de muitos deputados do PDT, por exemplo. 

Dizem que sou integrante da “bancada Lemann” e da “bancada do Renova”, e acusam movimentos como o Acredito, do qual sou cofundadora, de serem partidos clandestinos. Nenhuma dessas teorias se sustenta quando confrontadas com evidências simples. 

Para ilustrar, a dispersão dos votos dos parlamentares que fizeram o curso do RenovaBR ou que participaram dos programas da Fundação Lemann é de quase 100%. Ou seja, divergimos uns dos outros em quase todas as pautas. 

O estudo que fizemos, e que está à disposição, também mostra que meu perfil de votação é mais alinhado com o PDT do que com o meu colega de Movimento Acredito, com quem compartilho equipe. 

Já que não existem reuniões dessas supostas bancadas, não fechamos questão nem nas votações mais importantes e, na prática, estamos espalhados por todo o espectro político.

A quem interessam todas essas difamações? A impressão que fica é que, incapazes de lidar com a mudança de ideias e práticas que representamos, resta aos críticos a propagação das mais descabidas mentiras. Por que incomodamos tanto?

O que incomoda os maus veteranos da política é a nossa ousadia de abrir mão de velhas práticas e romper com o que não beneficia o país, mesmo que isso custe capital político e eleitoral. 

Não podemos e não iremos aceitar que a razoabilidade não tenha vez e que a construção de uma centro-esquerda séria seja uma utopia. Afinal, enquanto os extremos se retroalimentam nas redes sociais, temos inimigos reais, como a fome, a baixa escolaridade e o desemprego, para combater.

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