Tabata Amaral

Cientista política, astrofísica e deputada federal por São Paulo. Formada em Harvard, criou o Mapa Educação e é cofundadora do Movimento Acredito.

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Tabata Amaral

Vamos juntas

A luta por mais mulheres na política ainda está só no começo

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Mulher não se interessa por política. Mulher não vota em mulher. Não vou desperdiçar meu voto em alguém que não tem chance. Você não vai aguentar o tranco. Você não quer ter filhos? Política é coisa de homem. Mulher é muito emotiva. Homem é mais racional. Troco um voto por um beijo. Você é casada com algum político? Está querendo provocar quem com esse batom? Com esse rostinho, não precisa nem abrir a boca. Pare de se fazer de vítima.

Quem é mulher já ouviu pelo menos algumas dessas frases. Ao longo da minha trajetória, eu já ouvi todas elas. São frases como essas que criam a ilusão de que política não é uma opção para meninas e mulheres, ou que nos fazem pensar em desistir. 

O que falta para termos mais mulheres na política não é competitividade ou ambição. É a eliminação de todas as formas de violência política que as mulheres sofrem, que levam à sua exclusão sistemática. 

Nos partidos, via de regra, os cargos de liderança pertencem aos homens. Como consequência, as mulheres não são recrutadas nem formadas pelos partidos políticos. Quando se tornam candidatas, recebem menos recursos e têm menos visibilidade. 

No meu caso, eu nunca tive blog mas fui listada como “blogueira” nos arquivos do partido, onde também constava que teria, no máximo, 5.000 votos. 

 

De acordo com o Fórum Econômico Mundial, levaremos 108 anos para que homens e mulheres tenham as mesmas chances na política. Somos 51% da população, mas apenas 12% das prefeituras do país são administradas por mulheres. Dessas, apenas 3% são administradas por mulheres negras. Além disso, os municípios governados por mulheres são em sua maioria pequenos municípios, abrangendo uma parte minúscula da população.

Apesar dos avanços, como a obrigação de 30% de mulheres na lista e destinação de 30% dos recursos para candidaturas femininas, a luta por mais mulheres na política ainda está só no começo. 

Eu tenho muito orgulho de ser a primeira da minha comunidade a me candidatar e me eleger deputada federal. Mas não posso ter orgulho enquanto for a única. É daí que vem o meu compromisso, de não me aquietar enquanto não tivermos mais mulheres na política. 

Sabendo que o caminho para as mulheres é mais longo e mais difícil, é preciso muita coragem, e uma boa dose de apoio, para que as mulheres consigam superar as barreiras sociais e institucionais e ocupem de fato a política. 

Por isso, no dia 19 de dezembro, em São Paulo, lançaremos o movimento Vamos Juntas. Como cidadã, fiz um compromisso de dedicar meu ano para apoiar outras candidaturas femininas e estruturar uma rede que aproxime mulheres da política.

Meu convite é para unirmos forças, para que não tenhamos que esperar gerações inteiras por igualdade de oportunidades e por uma política que de fato nos represente. 

Não podemos cruzar os braços enquanto a educação piora, a desigualdade aumenta e a corrupção impera. Precisamos urgente de mais mulheres fazendo a boa política dentro da política institucional. Já está mais do que comprovado que mais mulheres na política é bom para o desenvolvimento do país. 

A participação plena de toda a população torna as eleições mais competitivas e as políticas públicas mais efetivas. 

Então, por que não? Por que não agora? Não vejo outro caminho senão lutarmos nós mesmas por um Brasil mais desenvolvido, justo e ético. Por todas as mulheres que lutaram para que a gente pudesse participar da política formal, e por todas as que ainda irão escrever essa história, vamos juntas!

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