Tabata Amaral

Cientista política, astrofísica e deputada federal por São Paulo. Formada em Harvard, criou o Mapa Educação e é cofundadora do Movimento Acredito.

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Tabata Amaral

Se a intolerância é a regra, quero ser exceção

Obsessão dos extremos com eles mesmos impede que olhem para a frente e enxerguem os problemas do país

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No contexto de crescente polarização e intolerância política que estamos vivendo, a racionalidade não tem vez. Argumentos, discussões e análises são descartados, dando lugar a ofensas pessoais, difamações, e a uma fé cega e burra, onde não há espaço para o contraditório e para o embate de ideias.

Não sou petista e também não sou bolsonarista. Não faço parte dos extremos antagônicos, que muitas vezes estão mais preocupados em destruir seus adversários do que em construir um novo Brasil. E não é nada fácil, nos dias de hoje, decidir não se guiar por cartilhas mas sim por estudos e muita reflexão. Qualquer meio-termo é visto como adesão ao outro lado. No entanto, as evidências nos mostram que as soluções que nós precisamos não se encontram em nenhum dos dois extremos.

Sei que não estou sozinha. Os extremos podem até gritar mais alto, mas, ao contrário do que querem que acreditemos, tenho certeza que a intolerância que vemos representa apenas uma pequena minoria da nossa população. Assim como eu, há milhões de brasileiros que estão cansados dessa tentativa desenfreada de destruir os oponentes, e mais preocupados em olhar para frente. Querem menos radicalismos, menos disputas, menos ataques e difamações nas redes e mais trabalho efetivo no enfrentamento dos problemas e carências do nosso país. Menos verborragia e mais ação.

Esplanada dos Ministérios, em Brasília, dividida entre manifestantes contrários e favoráveis ao impeachment de Dilma Rousseff (PT)
Esplanada dos Ministérios, em Brasília, dividida entre manifestantes contrários e favoráveis ao impeachment de Dilma Rousseff (PT) - Diego Padgurschi - 17.abr.2016/Folhapress

Essa guerra sangrenta está afastando as pessoas da política e colocando em seu lugar, em postos chaves do governo, inclusive, soldados do sectarismo que estão prontos para o embate ideológico, mas que não entendem nada da realidade do povo e da responsabilidade que carregam. Exemplos disso são o ministro do Meio Ambiente, que é contra o meio ambiente, e o ministro da Educação, que recrutou uma legião de criacionistas e terraplanistas.

Mas vamos lá, estamos no começo de um novo ano e, por incrível que pareça, a minha experiência no primeiro ano de mandato no Congresso Nacional mostra que ainda há esperança. Apesar das perseguições das militâncias nas redes sociais, das fake news exaustivamente replicadas e das ofensas, na prática o bom senso ainda conseguiu vencer alguns rounds desta luta. Mesmo diante das barbaridades do presidente da República e seus ministros, o Congresso conseguiu unir esforços e apresentar resultados expressivos em pautas importantes. 

Foi com diálogo entre diferentes partidos e visões políticas que criamos o maior consenso da história em torno de uma pauta de desenvolvimento social, com 23 dos 25 líderes na Câmara co-autorando projetos de grande importância para o combate à pobreza, como os projetos que constitucionalizam a garantia de renda e ampliam o Bolsa Família para incluir 3,2 milhões de crianças carentes. A Agenda Social ainda conta com projetos na área de água e saneamento, proteção ao trabalhador e inclusão produtiva.

Um grupo de deputados de 14 partidos diferentes se uniu para avaliar a gestão do Ministério da Educação. Pactuamos e aprovamos uma série de recomendações para melhorar a educação no país e, como continuação deste trabalho, um grupo de deputados e senadores seguiram para pedir o impeachment do Ministro da Educação, tendo em vista os crimes de responsabilidade e quebras de decoro cometidos.

Durante a campanha, o presidente e seu grupo tentaram fazer acreditar que bastava tirar o PT do poder para resolver os problemas do Brasil. Um ano depois, está provado que isso não é verdade. Precisamos de planejamento, competência, capacidade de diálogo e bom senso. Por esse caminho devemos seguir em 2020.

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