Tabata Amaral

Cientista política, astrofísica e deputada federal por São Paulo. Formada em Harvard, criou o Mapa Educação e é cofundadora do Movimento Acredito.

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Tabata Amaral

O recado das urnas aos progressistas

Cidadãos entre o centro e a esquerda buscaram candidaturas alternativas

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O fortalecimento da direita nas eleições municipais não muda o fato de que o bolsonarismo foi o principal perdedor desse ciclo eleitoral.

Da mesma forma, a derrota do Partido dos Trabalhadores nos últimos pleitos não significa o fracasso de todo o campo progressista.

O PT, maior partido de oposição da Câmara dos Deputados, terminou as eleições desse ano com 73 prefeituras a menos, sem eleger nenhum prefeito nas capitais e na 11ª posição no ranking de partidos com maior população governada.

No entanto, isso não impediu que novas lideranças políticas do campo progressista saíssem fortalecidas, e até mesmo vitoriosas, em capitais Brasil afora.

A importância histórica do PT é inegável, sobretudo no que diz respeito à priorização dos direitos sociais.

A agenda programática defendida pelo partido remonta à sua formação inicial, que reuniu sindicalistas, setores da Igreja Católica e intelectuais ligados a universidades na busca por uma representação legítima de trabalhadores e da parcela mais vulnerável da população.

Porém, passados 40 anos da sua fundação, é importante reconhecer que o PT já não é mais o único representante das classes populares.

Nessas eleições, cidadãos que caminham entre o centro e a esquerda buscaram candidaturas alternativas, em sinal claro de que já não se veem representados no projeto petista.

Parte disso vem do fato de o PT não ter realizado ações concretas para enfrentar a corrupção dentro do partido e renovar suas práticas.

Uma outra parte deriva do fato de que o partido continua apresentando os mesmos rostos a cada eleição, independentemente de esses nomes representarem ou não os anseios da população, como aconteceu na cidade de São Paulo.

Além disso, os petistas vêm forçando uma posição de porta-voz da esquerda que não lhes cabe mais, ao mesmo tempo em que se fecham ao diálogo, acusando de fascistas quem não se une a seu projeto político.

Ao tratar como principais adversários quaisquer outras forças progressistas, o PT contribui para o fortalecimento das alas conservadoras e fisiológicas, vitoriosas nessas eleições.

O foco em batalhas dentro do próprio campo progressista não só pulveriza os votos, como transforma possíveis aliados em inimigos.

Se as eleições de 2018 foram classificadas como as eleições dos extremos e dos movidos pelo “anti-isso” ou “anti-aquilo”, as eleições de 2020 mostraram que o clamor dos eleitores ainda não foi ouvido pela classe política.

A população continua exausta dos discursos vazios, descrente da mudança e em busca de algo que a represente de verdade. E, para enfrentarmos isso, precisaremos entender que o projeto de desenvolver o Brasil com justiça social não tem dono.

Deve ser construído a muitas mãos e com lideranças que conhecem as periferias e os rincões do país de verdade, que querem fazer política com e para mulheres, negros, LGBTQIA+ e tantos outros grupos que, historicamente, foram deixados para trás.

Se seguirmos esse ritmo, corremos o risco de repetir em 2022 os mesmos erros de 2018. Ainda assim, acredito não só na necessidade, mas também na possibilidade, de construirmos uma frente ampla de centro-esquerda.

Somente com a união de uma ala plural, que deixe de lado vaidades e egoísmos e entenda que não existem donos da verdade, é que conseguiremos reposicionar o Brasil na direção da justiça social.

Mais do que nunca, precisamos de lideranças políticas que lutem não por um projeto de partido, mas por um projeto de país.

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