Tabata Amaral

Cientista política, astrofísica e deputada federal por São Paulo. Formada em Harvard, criou o Mapa Educação e é cofundadora do Movimento Acredito.

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Tabata Amaral

A fome não pode esperar

Discussão sobre o PL de ampliação do Bolsa Família, que está sendo retomada pela Câmara, é urgente com o fim do auxílio

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Quando era mais nova, sempre dei como certa a ideia de que a nossa realidade, enquanto filhos de migrantes nordestinos moradores da periferia de São Paulo, apesar de dura, ano após ano estava melhorando.

A pandemia, porém, nos mostrou quão frágeis eram esses avanços. Não demorou para que a fome e ocupações extremamente precárias voltassem a ser o cenário dominante. Foi isso o que eu vi, mais uma vez, na comunidade do Morro dos Macacos, na divisa entre São Paulo e Diadema, enquanto entregava cestas básicas junto com o Projeto Anjos do Bem.

Em pouco mais de dois meses, teremos o repasse da última parcela do já insuficiente novo auxílio emergencial. Diante da recusa do governo em prorrogar o auxílio, não podemos permitir que a única saída seja o atual Bolsa Família, que teve seu último reajuste durante o governo Temer. Se nada for feito, os índices de 28,9% da população em situação de pobreza e 9,1% na extrema pobreza, segundo estudo da USP, irão aumentar ainda mais.

Nas próximas semanas, a Câmara dos Deputados reinstalará a comissão especial que analisa o PL 6072/2019, apresentado por mim e por parlamentares de 23 partidos diferentes.

O projeto, que vem passando por um amplo debate desde 2019, propõe a ampliação do Bolsa Família, com a atualização das linhas de elegibilidade do programa e a criação de um benefício adicional para a primeira infância. Além disso, extingue o limite de cinco crianças por família, baseado em uma concepção preconceituosa e comprovadamente falsa de que famílias teriam mais filhos por causa do benefício. Por fim, ele acaba com a possibilidade de fila, garantindo às famílias o retorno imediato caso percam sua renda.

O relator do projeto, o deputado Eduardo Barbosa, já apresentou seu relatório, elevando a linha da pobreza de R$ 178 para R$ 260 per capita mensal. Como presidente da Frente Parlamentar da Renda Básica, entendo que a aprovação desse PL é um passo importante na construção de uma renda básica cidadã, único caminho possível para o combate à pobreza e à desigualdade.

As iniciativas lideradas pelo G10 das Favelas, Gerando Falcões, Cufa, Vicentinos e tantas outras organizações que venho apoiando me fazem lembrar de Emicida: "Tudo que nós tem é nós". No entanto, é só por meio da política que poderemos transformar, de fato, a nossa realidade, e, por isso, me recuso a ficar inerte diante da omissão do governo.

Eu escolhi o lado dos milhões de brasileiros que vêm lutando para sobreviver com suas panelas vazias e espero que os demais parlamentares façam o mesmo com a aprovação urgente do PL 6072/2019.

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