Tabata Amaral

Cientista política, astrofísica e deputada federal por São Paulo. Formada em Harvard, criou o Mapa Educação e é cofundadora do Movimento Acredito.

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Tabata Amaral

Quando a boa política vence

Decisão do TSE contribui para a necessária transformação dos partidos políticos

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"A política é assim". Ouvi essa frase fatalista do próprio Ciro Gomes, após lhe reiterar que votaria a favor da reforma da Previdência, em julho de 2019. Mesmo concordando com a importância e urgência da reforma e conhecendo a minha atuação para mudar o texto que havia sido apresentado pelo governo, ele acreditava que eu deveria votar contra para manter a narrativa de oposição.

Nesta semana, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que a política pode sim ser diferente, ao reconhecer o meu direito de sair do PDT por justa causa, sem que para isso eu perca o meu mandato de deputada federal. Mais do que uma vitória pessoal, essa é uma conquista de todos aqueles que defendem a boa política, cujos posicionamentos se pautam em evidências e princípios, não em projeções eleitorais.

É também um reconhecimento de que práticas machistas e ofensas pessoais não podem mais ser toleradas. Outros parlamentares do PDT votaram a favor da reforma, sem, no entanto, sofrerem a mesma perseguição ou serem falsamente acusados de estarem seguindo as ordens de algum homem poderoso. Em seu voto favorável ao meu pedido, o ministro Luís Roberto Barroso reconheceu a violência de gênero que permeou os ataques contra mim.

Mas, o mais importante, e ao contrário do que algumas pessoas disseram, a decisão do TSE contribui para a necessária transformação dos partidos políticos, na medida em que os força a encarar uma questão inevitável para a sua sobrevivência. Quando as agremiações irão dar os passos necessários para se tornarem mais democráticas, transparentes e inclusivas?

Foi justamente em resposta a essa desconexão dos partidos com a sociedade que nós fundamos o Movimento Acredito, o qual teve sua atuação referendada pela decisão do TSE. O Acredito foi criado na esteira dos protestos de 2013 contra "tudo o que está aí", para ser uma ponte entre a sociedade e os partidos políticos. Rejeitamos o caminho eleitoralmente mais fácil de negar a política, por entendermos que a nossa democracia depende de partidos políticos que de fato representem a nossa população, transformação essa que precisa acontecer de dentro.

Para que isso se efetive, no entanto, os partidos precisam fortalecer o diálogo com a sociedade, representada hoje por movimentos de renovação, organizações sociais e lideranças comunitárias, entre tantos outros.

É por acreditar nisso que busco agora outro partido, para, mais uma vez, dar continuidade a esse esforço. Afinal de contas, quando o que está em jogo é a consolidação da nossa democracia, não há obstáculo que não valha a pena ser enfrentado.

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