Tabata Amaral

Cientista política, astrofísica e deputada federal por São Paulo. Formada em Harvard, criou o Mapa Educação e é cofundadora do Movimento Acredito.

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Tabata Amaral

Você deixou saudade

Sem nos conhecer pessoalmente, Marília Mendonça era a melhor amiga de todos nós

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"Ai que saudade de um beija-flor." Poucas mortes tocaram tanto o coração dos brasileiros como o falecimento precoce de Marilia Mendonça, não só porque ela se foi jovem e mãe, mas também porque poucos conheciam esses mesmos corações como ela.

Foi Marília quem fez a live com maior audiência simultânea do mundo. Quem convidou as pessoas para o seu show panfletando nas ruas e praças das capitais de todo o Brasil. Quem, em tão pouco tempo, compôs mais de 300 músicas, muitas das quais se tornaram grandes sucessos, tanto na sua quanto na voz de outros cantores.

Aquela que deu voz, sem preconceitos e sem simplismos, à mulher traída, à mulher que traiu, à prostituta, à amante, à mulher que continua em um relacionamento por conveniência e à mulher que termina um relacionamento sem saber o porquê. À mulher que, mesmo diante de dificuldades, não perde sua força, sua determinação nem seu brilho.

Quem, por todo o seu protagonismo em um gênero musical dominado por homens, ganhou duas vezes o Grammy Latino de melhor álbum de música sertaneja.

Aquela que, dias após nos deixar, ganhou também o prêmio de Cantora do Ano do Multishow, por uma decisão unânime das suas concorrentes de abandonarem a disputa e homenagearem a Rainha da Sofrência.

Sem nos conhecer pessoalmente, Marilia era a melhor amiga de todos nós. Quem traduzia nossos sentimentos, nos ajudava a compreender o amor, nos dava conforto nos momentos de sofrimento e nos tirava um sorriso do rosto com um simples refrão gravado de forma caseira e postado nas suas redes sociais, como um singelo presente para seus fãs.

"Perder um artista é perder uma das possibilidades da gente entender quem a gente é e o que a gente sente", escreveu tão precisamente a atriz Valentina Bandeira. Eu me sentia mais eu ouvindo e cantando Marilia no banho, enquanto fazia café ou tirava as roupas do varal, na estrada, nos bares, nas festas de casamento, nos churrascos com amigos na laje. Marilia era popular, em todos os sentidos que essa palavra pode ter.

Marilia, ainda estamos chorando a sua partida, mas queria que você soubesse que, apesar de toda a dor desses últimos tempos, você e suas músicas continuarão sendo para nós um alento, capaz de nos fazer dormir e acordar sorrindo.

Como uma simples homenagem e em resposta a todas as críticas elitistas que ainda ouço por gostar de "cultura popular", gostaria de dedicar este espaço, o mais nobre que tenho, à mulher que trouxe e traz tantas alegrias e conforto para o nosso sofrido Brasil.

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