Tabata Amaral

Cientista política, astrofísica e deputada federal por São Paulo. Formada em Harvard, criou o Mapa Educação e é cofundadora do Movimento Acredito.

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Tabata Amaral

Despeço-me da Folha

Hoje faço política com orgulho e com gosto.

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Vergonha. Medo. Incerteza. Esses são alguns dos sentimentos que me atravessaram no primeiro semestre de 2018, quando avisei à CBN que, após quase um ano, teria que deixar de ser comentarista na rádio pois disputaria as eleições.

Meu maior receio era que as pessoas interpretassem minha aspiração de ser deputada federal como arrogância, oportunismo ou, até mesmo, falta de caráter. Os erros graves de uma parte dos políticos tinham levado a generalizações que mancham a imagem e até mesmo criminalizam a política. Na época, duvidei até o último segundo da minha decisão.

Hoje também deixo algo que amo, mas faço isso de forma completamente diferente. Já não tenho vergonha ou dúvida da missão que escolhi. Após quase três anos como colunista, me despeço temporariamente da Folha, triste e saudosa, mas também realizada e grata. Essa é minha última coluna por ora, pois sou pré-candidata à reeleição. E, hoje, digo isso de cabeça erguida e com um sorriso no rosto.

Porque estou na política pude elaborar regras para que o financiamento da educação básica incentive a qualidade do ensino e reduza a desigualdade social e racial. É por estar na política que pude contribuir para que 14 mil escolas sejam conectadas pelos vencedores do leilão do 5G e 18 milhões de alunos tenham acesso à internet.

Foi desse lugar que desafiamos o tabu que interditava conversas sobre menstruação e estamos assegurando que meninas pobres tenham acesso a absorventes. Que pudemos aprimorar um programa de distribuição de renda que atinge 17,5 milhões de famílias.

Foi no Congresso que propus projetos que reduzem nossas muitas desigualdades. É daqui que estamos lutando para barrar as investidas de um governo que faz de tudo para derrubar nossas florestas.

Serei sincera. Escolhi um caminho extremamente difícil e que cobra um custo pessoal muito alto. Abri mão de muitas coisas, entre elas uma "juventude normal", e ganhei responsabilidades que não dão margem para o erro. Tenho que lidar, diariamente, com mensagens de ódio e até mesmo ameaças.
Mas posso afirmar que é, sim, possível fazer política do jeito certo, e as transformações que estamos concretizando fazem o caminho valer a pena.

Hoje faço política com orgulho e com gosto. Mal posso esperar por estar nas ruas, conversando e aprendendo com as pessoas e defendendo propostas para um Brasil mais justo, desenvolvido e ético. No final, como cantava a nossa voz do milênio, Elza Soares, a nossa luta é por "um país onde a saúde não esteja doente", por "uma educação que possa formar cidadãos realmente" e "que não tenha injustiça, porém a justiça / Não ouse condenar só negros e pobres". Vamos juntos?

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