Tati Bernardi

Escritora e roteirista de cinema e televisão, autora de “Depois a Louca Sou Eu”.

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Tati Bernardi

Mamãe Neura: grande aventura

Desenhamos toda a estratégia que me daria a possibilidade de vivenciar a maior aventura do ano

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David Magila

Há meses eu protelava o que viria a ser a maior aventura do ano. É preciso coragem, preparo físico e equilíbrio mental. Estaria preparada?

A princípio meu marido achou arriscado. Porém, grande parceiro que é, soube ler nas profundezas de meu olhar cansado o quanto precisava daquela adrenalina para me sentir viva novamente. “Vai, sim” —ele disse, quase se arrependendo, quase implorando para que eu ficasse, mas me apoiando apesar de tudo.

Desenhamos toda a estratégia que me daria a possibilidade, talvez ínfima, quiçá remota, de vivenciar a maior aventura do ano. Pedro desmarcou compromissos e trabalharia em casa naquela tarde. Deixei minha mãe de sobreaviso: se a coisa complicasse, ela seria acionada. 

Ordenhei assim que amanheceu e guardei uma quantidade generosa de leite na geladeira. Abracei minha filha bem forte e falei em sua micro e maravilhosa orelhinha: você é a minha maior aventura da vida, mas essa será a minha maior aventura do ano! Torça pela mamãe!

Durante o banho pensei em desistir. Tenho filha pequena, não posso me ausentar dessa forma irresponsável. A maior aventura do ano poderia esperar mais algumas semanas, ou até meses… Não!
Eu iria! Nunca fui mulher de desistir de um sonho. De fraquejar diante de um desafio, por maior que ele fosse. Saí do banho resoluta. Impávida. Nem sequei o cabelo. Coloquei uma roupa prática e confortável, a destreza conta muitos pontos quando se tem tamanha empreitada pela frente. Amarrei os tênis com a prontidão compenetrada (e a estupidez) de quem corre às cinco horas numa fria manhã de chuva.

Podia ouvir o grito da torcida ecoando por Perdizes: “Vai com tudo, guerreira!”. Da janela do meu carro, via as pessoas me saudarem com o V da vitória e com gestos de coração. Gerações mais velhas e mais novas do que eu vibravam, chacoalhavam pompons, levantavam cartazes com o meu rosto estampado acompanhado de dizeres como “Essa é fera!” e “Yes, she can!”. 

Sim! Eu podia! Eu fui! Cheguei oito minutos atrasada à manicure, mas deu tempo até de fazer os pés.

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