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Luisa Mafei é culinarista e professora de cozinha a base de vegetais

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Descrição de chapéu alimentação

Transição vegana: confira quatro novas dicas que deixam tudo mais leve e prazeroso

Viajar por diferentes culturas culinárias e recriar pratos afetivos estão entre as estratégias

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Conforme prometido, na coluna de hoje vou seguir no tema da transição vegana e completar as dez dicas que ajudam aqueles que se lançam nessa jornada a dar passos mais seguros e consistentes rumo ao veganismo.

Na semana passada foram seis dicas, hoje serão quatro, e, sem querer puxar a sardinha (vegana, claro) para o meu lado, mesmo aqueles que sequer cogitam fazer a transição podem se beneficiar com a leitura.

Afinal, uma alimentação baseada em mais alimentos de origem vegetal e em menos produtos de origem animal é um contributo importante para a saúde de todos nós, além de ser recomendada pelo Ministério da Saúde no Guia Alimentar para a População Brasileira.

Vamos então às dicas dessa semana, a começar pela sétima dica de um total de dez:

7. Mergulhe em outras culturas culinárias e experimente novos sabores.

Culturas culinárias pouco centradas no protagonismo da carne fornecem pratos cheios de inspiração com poucos ou nenhum ingrediente de origem animal.

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Dahl de lentilhas com receita de Luisa Mafei - Luisa Mafei

A Índia, por exemplo, nos oferece o dahl (curry de lentilhas), o chole bhature (curry de grão de bico servido com pãezinhos) e o rajma chawal (arroz com feijão e especiarias), sem falar nas comidas de rua que podemos preparar em casa em noites de petisco, como as samosas (pasteizinhos de legumes e especiarias) e os patras (rolinhos de repolho recheados com uma pasta preparada a partir de farinha de grão de bico, especiarias e de pasta de tamarindo).

Acabo de perceber quantas receitas incríveis ainda não compartilhei com vocês, deem tempo a essa colunista e aproveitem enquanto isso a receita de dahl que já foi publicada.

Um desafio gostoso de fazer é dedicar uma das refeições da semana a um país escolhido, e pesquisar quais são os seus pratos e sobremesas tradicionalmente veganos, ou ainda aqueles que são fáceis de veganizar.

Nachos com guacamole e chilli de feijão para uma noite mexicana, cuscuz marroquino com vegetais para viajar ao Marrocos, gaspacho (sopa fria de tomate) e tortilla sem ovos (uma espécie de omelete com batatas) para evocar sabores espanhóis e moqueca de banana da terra para aproveitar as frutas e vegetais que temos em casa.

A lista de opções é infinita e surpreendente, para a alegria de vocês e o meu desespero de nunca conseguir dar um “check” em todas as receitas. Estou louca para testar uma chakalaka, prato típico da África do Sul, à base de feijões e de muita pimenta.

8. Aprofunde os seus conhecimentos sobre o veganismo em documentários e livros.

Não é incomum escutar que alguém virou vegano depois de assistir a um documentário, ou de ler um livro. Embora o processo de transição seja mais amplo e influenciado por fatores que às vezes só nos damos conta anos depois, certos documentários e livros podem nos colocar diante de fatos alarmantes e reais sobre a criação industrial de animais, e os impactos positivos da alimentação a base de vegetais em nossa saúde e no meio ambiente.

Documentários como “Earthlings” (Terráqueos, 2005), “Cowspiracy” (O segredo da sustentabilidade, 2014), “What the Health” (Que raio de saúde, 2017), “The Game Changers” (Dieta de Gladiadores, 2018) e o recente “Seaspiracy” (Mar vermelho, 2021) —todos disponíveis na Netflix— podem sensibilizar em relação às consequências das nossas escolhas alimentares.

No Youtube aqueles que têm estômago forte —contém cenas explícitas de torturas exercidas contra os animais— podem assistir ao documentário brasileiro “A Carne É Fraca” (2005) e ao australiano “Dominion” (2018).

Mesmo documentários que não são produzidos por veganos, e que não tem a intenção declarada de conscientizar sobre o consumo de carne, como “Professor Polvo” (2020) ou o filme “Okja” (2017) —também disponíveis na Netflix— são capazes de nos aproximar da empatia animal tão cara ao veganismo e de ajudar a reafirmar a escolha de comer menos ou nenhum produto de origem animal na próxima refeição.

As leituras consolidam o conhecimento sobre as múltiplas facetas do veganismo, e para recomendar livros que englobam os aspectos do bem estar animal, do meio ambiente e da saúde indico para começar, respectivamente, por “Libertação Animal” de Peter Singer, “Nós Somos o Clima” de Jonathan Safran Foer, e “Comer para Não Morrer” do médico Michael Greger.

9. Recrie pratos afetivos em versões práticas e 100% vegetais.

Essa dica é válida para todos em processo de transição, mas sobretudo aos pais que no começo podem encontrar resistência nas crianças (já vi o contrário acontecer também, as crianças se conscientizarem e quererem se tornar veganas, à revelia dos pais).

Mudar radicalmente a forma de se alimentar do dia para a noite pode gerar estresse nos pequenos e nos adultos. Recriar pratos afetivos, que por vezes chamamos de comida conforto, é uma boa tática para aproximar a si mesmo e aos outros do veganismo. Que tal começar pela bolonhesa vegana, por exemplo?

10. Lembre-se dos seus motivos.

Eles se tornam cada vez mais raros, mas existem: aqueles momentos em que você vai sentir vontade de comer linguiça no churrasco, salmão no sushi, coxinha de frango com catupiry … E no processo de transição é absolutamente normal ceder às tentações, o que não significa que tudo está perdido.

A transição não é um caminho linear e é preciso generosidade não “apenas” com os animais, mas com nossa própria história alimentar.

Por outro lado, à medida em que o tempo passa, os motivos para caminhar em direção ao veganismo se ampliam, ganham corpo e complexidade. A alimentação à base de vegetais ganha sentido e propósito, enquanto aquela centrada em animais se torna estranha e alheia, assim como os seus sabores.

E afinal, após alguns anos, percebemos que a coxinha de jaca é muito mais gostosa, e que a paixão pelo churrasco é pelo encontro, pela cerveja gelada e o carvão na brasa. É só colocar os legumes na grelha e seguir adiante.

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