Thiago Amparo

Advogado, é professor de direito internacional e direitos humanos na FGV Direito SP. Doutor pela Central European University (Budapeste), escreve sobre direitos e discriminação.

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Descrição de chapéu Folhajus

A foto branca do Lula-Alckmin

PT-PSB não pode referendar que o velho normal, pré-Bolsonaro, era suficiente

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"Cadê os negros/as? Cadê as mulheres, Lula? Queremos estar do lado de lá da mesa". Eis o post meu que viralizou no Twitter no dia 8. Ele reproduzia foto em que se viam 17 homens brancos, incluindo Lula e Alckmin, e duas mulheres brancas, sendo uma a namorada de Lula e a outra Gleisi Hoffmann, presidente do PT.

As reações foram, digamos, curiosas. "Não é hora de criticar Lula." "Esqueçam a cirandagem identitária até outubro." "Arrogante." "Viver de alimentar polêmicas inúteis com população comendo osso fala muito de você." "Um jornalista sério olharia para os governos do PT e constataria o espaço dado às minorias. Não ficaria tentando lacrar." "Nas fotos da turma do Bolsonaro tem o Hélio Negão e o Sérgio Camargo. Vota nele."

Membros do PT e do PSB em reunião com Lula e Alckmin; Gleisi e Janja são as únicas mulheres
Membros do PT e do PSB em reunião com Lula e Alckmin; Gleisi e Janja são as únicas mulheres - Ricardo Stuckert

Esqueçam o post, pois aqui não é sobre nós, mas sobre se queremos construir um campo progressista onde a branquitude seja tão frágil que não consiga contestar uma crítica sem cair no paternalismo da casa-grande: calem-se, porque lhe demos direitos. Branquitude impera em parte da esquerda que pensa que tutela, do alto de sua superioridade, os pobres.

Lula e Gleisi têm reconhecido, nos últimos anos e sob pressão, que não coadunam com esse estado de coisas. Como apontou Luiz Augusto Campos (Uerj) no Nexo Jornal: "Grande parte do sucesso da esquerda se deveu à incorporação do movimento negro e feminista à gestão pública. Resta incorporá-los ao poder partidário". O PT logrou sim avançar pautas sociais como nenhum outro partido, mas o fez porque houve críticas, como a que fiz: quantos de nós dirigimos o partido?

A política é feita de imagem e de política pública: ou o PT-PSB reconhece que os ventos da mudança apontam para compartilhar os assentos na mesa e na foto, ou estarão referendando que o velho normal, pré-Bolsonaro, era suficiente. Não era, houve Belo Monte, lei de terrorismo e lei de drogas e pouca garantia de direitos LGBTs e para mulheres. Precisamos pensar um novo futuro, com Bolsonaro derrotado.

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