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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Futebol é coletivo, mas melhor tática é reunir talento individual

Craques dribladores e transgressores serão o aspecto mais marcante da Copa

Philippe Coutinho, Neymar e Gabriel Jesus comemoram o segundo gol da seleção brasileira em vitória contra a Argentina, no estádio do Mineirão
Philippe Coutinho, Neymar e Gabriel Jesus comemoram o segundo gol da seleção brasileira em vitória contra a Argentina, no estádio do Mineirão - Leo Correa/Associated Press

Tite anunciou o que todos já sabiam, 15 jogadores certos para a Copa. São os 11 que foram titulares nas eliminatórias, mais Thiago Silva, Fernandinho, Willian e Firmino. O técnico precisa ainda de mais três para formar os 18 que devem atuar no Mundial, provavelmente Ederson, no gol, e, nas laterais, Danilo e Filipe Luís (ou Alex Sandro).

Tite terá ainda de convocar mais cinco, para completar os 23, que terão poucas chances de atuar, pois não são os primeiros reservas. Os mais prováveis são Cássio, para o gol (poderia ser Vanderlei, Fábio ou Marcelo Grohe); Jemerson, Rodrigo Caio ou Geromel, para a zaga; um atacante pelos lados (Taison ou Douglas Costa, o mais cotado); um armador mais organizador (Giuliano, Fred ou Arthur); e mais um meia ou atacante (Diego Souza, Diego, Luan ou mesmo Taison ou Douglas Costa). Eu convocaria Fábio, Geromel, Douglas Costa, Arthur e Luan.

Tite, como se preocupa em ser justo, não vai querer deixar fora um ótimo jogador. Em 2002, Felipão não levou, injustamente, Alex. Em 1970, Zagallo, com a justificativa de que havia excesso de armadores e que não tinha um único centroavante, dispensou, equivocadamente, os craques Dirceu Lopes e Zé Carlos e convocou Dario e Roberto. Dizem que foi a nefasta ditadura que convocou Dario. Mais uma bela história. A versão é sempre mais interessante que o fato. Dario era um grande artilheiro.

Se Firmino continuar atuando muito bem e Gabriel Jesus jogar pouco e sem brilho, pode perder o lugar. Firmino é um centroavante que se movimenta bastante, troca muitos passes, cria jogadas e faz gols. Isso é facilitado no Liverpool, porque, quando ele sai da área, entram os velozes Salah e Mané.

Na seleção, como Neymar e Coutinho chegam de trás com a bola dominada, Gabriel Jesus se adapta melhor, pois sua grande qualidade é partir para receber a bola em velocidade. Neymar e Coutinho são excepcionais no passe.

Para um centroavante armador funcionar bem, como Diego Souza, é necessário que haja meias e atacantes rápidos, agressivos e artilheiros, o que não é o caso do São Paulo. Isso explica a razão pela qual Tite vê Diego Souza como uma possibilidade na seleção.

Centroavante bom não é somente o que marca muitos gols. É também o que participa do jogo coletivo e que dá bons passes. Fred, no Cruzeiro, tem dado mais bons passes do que sido artilheiro. Certamente voltará a fazer muitos gols, enquanto Rafinha, o goleador atual do time, voltará a ser um meia aplicado e hábil.

Como escreveu PVC, Tite e os analistas de desempenho estudam como fazer Neymar receber a bola mais perto do gol, para o confronto individual. Além da bola rapidamente invertida de um lado para o outro, é necessário recuperá-la mais perto do gol, quando a defesa estiver desprotegida. Por outro lado, todos os outros técnicos e analistas de desempenho estudam como não deixar Neymar no mano a mano. Se Neymar receber a bola muito atrás, na lateral da linha do meio-campo, como é frequente, não vai conseguir driblar vários adversários.

A troca de passes e a estratégia serão marcantes na Copa. Tão ou mais importantes serão os craques dribladores, transgressores, como Neymar, apesar dos chiliques e do risco de ser expulso. O futebol é coletivo, porém, o melhor sistema tático é o que reúne mais jogadores de talento individual.

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