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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Meias ofensivos começam a entender como se joga de meio-campista

Enquanto Ganso é reserva no Sevilla, Lucas Lima aprende nova função no Palmeiras

O meia Lucas Lima, do Palmeiras, comemora um gol contra o Santo André, em partida válida pela primeira rodada do Campeonato Paulista
O meia Lucas Lima, do Palmeiras, comemora um gol contra o Santo André, em partida válida pela primeira rodada do Campeonato Paulista - Cesar Greco/Agência Palmeiras

O jovem treinador Jair Ventura fez um excelente trabalho no Botafogo. Com um elenco modesto, conseguiu bons resultados contra adversários muito mais fortes. Sua contratação pelo Santos, uma equipe com mais recursos técnicos, foi um reconhecimento e uma evolução na carreira.

Existe também uma curiosidade, uma dúvida, se Jair Ventura vai conseguir formar um time mais ofensivo, característica do Santos, já que privilegiou, no Botafogo, pela limitação técnica do elenco, a marcação e o contra-ataque.

Ao ver o Santos, contra o Palmeiras e em outras partidas nesse início de ano, tive a impressão de que o atual time tem um nível técnico parecido com o do Botafogo, embora deva melhorar com a contratação de Gabriel e o retorno de Bruno Henrique. Mesmo assim, há muitos jogadores fracos. Entre tantas carências, falta um bom centroavante, como Roger, ex-Botafogo, agora no Inter. Jair Ventura sonhou com uma grande equipe e acordou para a realidade. Será que o presidente do Santos, ao perceber a fragilidade da equipe, pensou em Jair Ventura, já experiente em fazer times modestos jogarem bem?

O Palmeiras, que tem o melhor elenco do país, mesmo contra o frágil Santos mostrou que precisa evoluir no jogo coletivo. Lucas Lima e outros clássicos meias do futebol brasileiro, acostumados a jogar perto do outro gol, entre os volantes e zagueiros, sem marcarem, começam a aprender a ser meio-campistas, a atuar em espaços maiores, de uma intermediária à outra. É uma nova posição e função.

Em vez do sistema tático com dois volantes em linha, quase somente marcadores, e um meia avançado, várias equipes, como Palmeiras, Corinthians e Vasco, têm jogado com um armador mais recuado pelo centro e um meio-campista de cada lado, que marcam, apoiam e chegam ao ataque.

Por não ter aprendido a ser um meio-campista, Ganso é reserva no Sevilla. Pena, pois era uma grande esperança. Outros meias brasileiros precisam evoluir. São bons apenas nos melhores momentos. Valdívia, contratado pelo São Paulo, é um deles. Está na hora de ele reagir.

Lucas Lima disse que, quando foi convocado para a seleção, Tite lhe pediu para atuar como no Palmeiras. O mesmo deve ter ocorrido com Diego, do Flamengo, e Rodriguinho. Por ser mais segundo atacante que armador, Luan tem sido preterido na maioria das convocações.

No Vasco, Evander, 19, que era meia ofensivo nas categorias de base, tem atuado como meio-campista. Apesar das graves falhas individuais da Universidad Concepción, do Chile, de dois erros importantes do árbitro a favor do Vasco, a goleada por 4 a 0, fora de casa, despertou a esperança de que o time, inspirado por vários jovens, como Evander e Paulinho, e com um bom técnico, como Zé Ricardo, forme uma equipe muito melhor neste ano. Nesta quarta (7) ocorre a partida de volta, pela Libertadores.

O futebol jogado no Brasil, dentro e fora de campo, estagnou ou evoluiu pouco, por dezenas de fatores, de vícios acumulados por muito tempo, como o de jogar com dois volantes em linha, apenas marcadores, o de permitir a venda vergonhosa de mandos de campo e o de manter Estaduais longos e decadentes, com a justificativa de que são a raiz do futebol. Raízes se expandem e podem dar frutos mais eficientes, prazerosos e interessantes.

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