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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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No atual mundo midiático, futebol é exceção que premia melhores

Real não eliminou PSG porque tem mais tradição, mas porque é superior, com ou sem Neymar

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Cristiano Ronaldo comemora primeiro gol contra o Paris Saint-Germain em jogo pela Liga dos Campeões da Europa
Cristiano Ronaldo comemora primeiro gol contra o Paris Saint-Germain em jogo pela Liga dos Campeões da Europa - Benoit Tessier/Reuters

A contusão de Neymar e o poderoso Real Madrid adiaram os sonhos do PSG de ser campeão da Europa. Não houve fracasso. O Real não eliminou o PSG porque tem mais tradição, porque tem uma camisa pesada, como gostam de dizer. Ganhou porque é superior, com ou sem Neymar. Da mesma maneira, a Juventus não venceu o Tottenham por causa da história. No mínimo, o time italiano é do mesmo nível do inglês.

Di María, substituto de Neymar, é um típico jogador irregular, com péssimos e excepcionais momentos, em uma mesma ou em diferentes partidas. Contra o Real, ele só errou.

Eu, que critico a supervalorização dos técnicos e o hábito de analisar resultados e atuações a partir somente da conduta dos treinadores, reconheço, mais uma vez, o talento do técnico Zidane. Antes da contusão de Neymar e dos dois jogos contra o PSG, ele já ensaiava, pelas escalações, a estratégia de atuar com dois pontas velozes, os jovens Asensio e Lucas Vázquez, que marcam e atacam, por saber que os pontos fortes do time francês são os jogadores pelos lados, Mbappé e Neymar (ou mesmo Di María).

Casemiro foi bem substituído no primeiro jogo e exuberante no segundo. Ele aprendeu que, no momento certo, mesmo sendo o armador mais recuado e mais marcador, pode avançar para participar das jogadas ofensivas e até fazer gols. Na Copa, contra defesas fechadas, no instante certo, poderá ser uma alternativa de ataque.

Além da falta do talento individual de Neymar, o PSG perdeu o jogador que saía do lado para o centro, para ser um segundo atacante e fazer companhia a Cavani, já que Di María e Mbappé atuam abertos, e os três do meio-campo não têm características para avançar como meias. Cavani ficou isolado.

Na seleção, sem Neymar, Tite tem a opção de escalar dois atacantes, Firmino e Gabriel Jesus. Mas, com Neymar, discordo dessa possibilidade, admitida pelo técnico, pois, com dois atacantes à frente, Neymar teria menos espaço.

Cristiano Ronaldo fez mais um gol decisivo. Ninguém termina as jogadas como ele. Já Messi é o início, o meio e o fim. Além de fazer um número absurdo de gols e de dar tantos passes decisivos, Messi, com seus dribles, arrancadas e improvisos, desestrutura as defesas. É o fenômeno dos fenômenos.

As partidas entre PSG e Real Madrid e entre Tottenham e Juventus foram bons repertórios de passes e dribles. O passe organiza, o drible desestrutura o adversário. O passe é repetição, o drible, improvisação. O passe é pragmático, o drible, romântico. O passe é técnica, o drible, fantasia. O passe é razão, o drible, emoção. O futebol não vive sem os dois.

No Brasil, Palmeiras e São Paulo não foi um jogo de grandes passes e dribles, mas com muita vibração e com alguns belos lances.

O Palmeiras, em vez de assistir ao adversário jogar, como fez contra o Corinthians e em outras partidas, pressionou quem estava com a bola, dominou o jogo e criou várias chances de gol. Já o São Paulo continua na mesma, sem inspiração individual e coletiva. Estava na hora de Dorival sair.

No atual mundo midiático, em que os escolhidos costumam não ser os melhores, e sim os que vendem melhor suas imagens, o jogo de futebol é uma exceção, pois ele se escancara, sem mentiras, para quem sabe ver, mesmo que a verdade demore a aparecer. Quem é, é.

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