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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Seleção brasileira é eficiente coletivamente, assim como a Alemanha

Seleções fizeram um ótimo jogo coletivo. Individualmente, o Brasil foi melhor

Com frequência, times e jogadores são criticados por apatia. Eles não correm pouco por preguiça, irresponsabilidade. Vibram menos por causa da desorganização coletiva e de estratégias que induzem a letargia. Os atletas querem correr, mas não sabem como nem para onde.

As equipes que pressionam quem está com a bola são mais vibrantes. A rápida recuperação da bola inflama a torcida, que empurra os jogadores. O time que é pressionado fica também mais apático. O Palmeiras melhorou após a derrota para o Corinthians, quando passou a marcar mais de perto, em vez de assistir ao adversário trocar passes. O São Paulo, contra o Corinthians, saiu do marasmo e pressionou na recuperação da bola.

Muitos times, cada vez mais, alternam a marcação mais recuada com a mais adiantada. Expandem e se retraem. São ofensivos e defensivos. O Cruzeiro faz isso bem. Outra prática moderna, ainda pouco usada pelos times brasileiros, é a de marcar a saída de bola do goleiro. Muitos gols têm saído dessa forma, pela dificuldade e pela pouca habilidade dos goleiros e defensores.

As equipes que, durante toda a partida, recuam para marcar com oito ou nove jogadores perto da área —antes, eram apenas os pequenos— tendem a ser mais frias, lineares, além de ficarem muito longe do gol quando recuperam a bola. A moda de marcar com cinco defensores recuados (três zagueiros e dois alas) tem sido elogiada por muitos, como se fosse uma grande novidade e uma maneira quase perfeita de se defender. Mais eficiente é a tradicional e atual duas linhas de quatro, pois cada defensor tem um secretário, um jogador de meio-campo para protegê-lo.

Brasil e Alemanha deram uma aula de jogo coletivo, de pressionar quem está com a bola, desde o goleiro adversário, de como alternar a marcação mais recuada com a adiantada. A tão famosa eficiência coletiva não é mais privilégio dos alemães. O Brasil mostrou um conjunto de alto nível.

O Brasil foi melhor, criou mais chances de gol e mereceu a vitória. Pena que a Alemanha tenha escalado apenas três titulares (Boateng, Kimmich e Kroos). Mesmo com Müller, a Alemanha, diferentemente do Brasil, é carente de ótimos meias e atacantes. A Alemanha também cometeu o erro tático de jogar com apenas dois no meio-campo e com Kroos muito recuado.

No fim da partida, quando a Alemanha foi toda para o ataque e deixou enormes espaços na defesa, o Brasil, se tivesse Neymar, poderia ter feito mais uns dois gols no contra-ataque. Gabriel Jesus e, principalmente, Daniel Alves, cometeram muitos erros individuais. Os outros jogadores foram bem. 

O Brasil já definiu duas maneiras de jogar na Copa, a do jogo contra a Rússia, com um volante e dois meias ofensivos (Paulinho e Coutinho), que deve ser usada na primeira fase, contra equipes que jogam mais recuadas, e a do jogo contra a Alemanha, com um trio no meio-campo, para enfrentar fortes seleções.

Desde 1958, de 12 em 12 anos, surge uma ótima geração brasileira, que ganhou ou não títulos mundiais, como as de 1970, 1982, 1994 e 2006. Agora, seria a de 2018. Com exceção de Casemiro, Gabriel Jesus e Alisson, todos os outros titulares atuais estavam presentes na Copa de 2014 ou já eram jovens jogadores bastante conhecidos. Em 2018, quase todos estão no auge técnico. São boas as chances de o Brasil ganhar e encantar no Mundial.

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