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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Estaduais acabam quando ficam bons e emocionantes

Espero ver, nas finais, em todo país, bons jogos, sem violência e sem excesso de faltas

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Técnico do Grêmio, Renato Gaúcho, é uma das atrações das finais dos Campeonatos Estaduais deste domingo (8)
Técnico do Grêmio, Renato Gaúcho, é uma das atrações das finais dos Campeonatos Estaduais deste domingo (8) - Itamar Aguiar/AFP

Hoje é dia de decisões nos longos estaduais. Alguém disse que eles são muito curtos, pois, quando ficam bons, emocionantes, acabam.

No passado, os estaduais eram os principais campeonatos do país. Em minha infância e adolescência, eu ia em quase todos os domingos com meu pai, de ônibus, ao estádio Independência, sentado, ao lado da janela, para ver a festa das torcidas. Elas se cruzavam, sem violência. No estádio, eu ficava no primeiro degrau da arquibancada, poucos metros acima do gramado, para ver, de perto, os jogadores com suas faces de tensão, alegria e tristeza. Era futebol ao vivo.

Muitas pessoas não entendem como era possível em todos os clássicos ter torcidas igualmente divididas. Também não compreendem como dá para viver sem celular, internet ou WhatsApp. Ainda mantenho vários hábitos daquela época. Uso o celular apenas para fazer e receber ligações, compro jornais na banca, converso com o gerente no banco, pego táxi na rua, sem aplicativo e tantas outras coisas que se tornaram obsoletas.

Sobrevivo, com prazer, graças à ajuda tecnológica de pessoas próximas e queridas. Se eu chegar aos 80 anos, serei expulso do planeta, por inadaptação ao mundo virtual.

Aos 16 anos, em 1963, comecei a jogar os estaduais, já como titular do Cruzeiro. A partir de 1965, com a inauguração do Mineirão, o Cruzeiro foi pentacampeão mineiro. Tenho saudades dessa época.

O Cruzeiro jogava com um volante (Piazza) e dois meias ofensivos (eu e o cracaço Dirceu Lopes). A seleção, contra a Rússia, atuou assim, com Casemiro de volante, mais os meias Paulinho e Coutinho. Carpegiani fez o mesmo no Flamengo, ao escalar o volante Cuellar e os meias Diego e Paquetá. Teve alguns bons momentos, como na vitória sobre o Emelec, quando o time foi bastante elogiado. Em seguida, foi execrado, por perder do Botafogo. O Manchester City também joga com um volante (Fernandinho) e dois meias (De Bruyne e David Silva).

Na derrota para o Liverpool, por 3 a 0, Guardiola surpreendeu e trocou o ponta aberto (Sterling) por mais um armador (Gündogan). Deve ter ficado preocupado com a saída de bola da defesa, pois sabia que o Liverpool pressionaria Fernandinho. Deu errado. O City ficou torto, sem um jogador pela direita, e não conseguiu trocar passes desde a defesa. O Liverpool, no primeiro tempo, recuperou a bola facilmente, perto do gol. Como Guardiola é um mito, quase não foi criticado.

O mesmo ocorre com Tite, na seleção, e com Renato Gaúcho, no Grêmio. Mesmo se fizerem alguma coisa errada, não serão criticados. Sem comparar a qualidade técnica de Guardiola e Renato Gaúcho nem a importância que cada um tem para o futebol, Guardiola está para o mundo como Renato Gaúcho está para a torcida do Grêmio, do Flamengo e de muitas outras equipes brasileiras que gostariam de tê-lo como treinador.

O Liverpool, dirigido pelo alemão Jürgen Klopp, valorizado, mas não tanto quanto Guardiola, deu uma aula para os técnicos brasileiros de como pressionar quem está com a bola, com intensidade, em todo o campo, sem fazer tantas faltas, sem levar cartões e sem tumultuar o jogo. Isso não significa que todas as equipes devem usar a mesma estratégia. Há várias maneiras de jogar bem e de vencer. O futebol é muito complexo. Os que acham que sabem tudo, ou os que não sabem nada, são que tentam simplificá-lo.

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