No prédio da CBF, onde houve o anúncio da convocação, está escrita a frase: “Casa do futebol brasileiro”.
Nosso futebol, tão reverenciado em todo o mundo, gostaria de viver em uma casa mais arejada, limpa, transparente e em que as pessoas tivessem orgulho de seus dirigentes, em vez de vê-los investigados, condenados pela Justiça e/ou banidos pela Fifa.
Não houve surpresa na convocação. Danilo e Fágner, além de Rafinha e de qualquer outro lateral direito, são fracos para o nível da seleção brasileira, o que não significa que não possam completar com eficiência o time e até surpreender em um torneio curto.
Várias ótimas seleções tinham um ou dois jogadores muito inferiores aos demais. A Alemanha, campeã da Copa de 2014, atuou com o zagueiro Hoewedes, improvisado na lateral esquerda.
Nenhuma seleção do mundo tem tantos meias ofensivos e atacantes brilhantes como o Brasil, excelentes no confronto individual, nos dribles e na troca de passes rápidos em direção ao gol, como Neymar, Coutinho, Willian e Douglas Costa, além de dois bons centroavantes.
Essa virtude torna o Brasil um dos fortes candidatos ao título, embora falte um craque meio-campista, um articulador, o farol para iluminar e guiar a rápida transição da bola em direção ao gol.
Casemiro e Fernandinho são ótimos volantes para marcar e iniciar, com bons passes, a saída de bola da defesa.
Paulinho desarma e corre para dentro da área adversária. Não é um organizador. Coutinho é mais um meia ofensivo, driblador e finalizador. Arthur é a esperança de, brevemente, preencher essa ausência.
Já estaria ele em condições de se destacar na atual seleção? Não sei. Por que não?
São os principais jogadores que fazem o estilo de uma equipe. O Brasil tem um jogo rápido, em direção ao gol, porque seus principais jogadores de ataque têm essa característica.
A Espanha troca muitos passes e tem o domínio da bola e do jogo, porque possui grandes armadores com esse estilo, como Iniesta, Thiago Alcântara, Busquets, David Silva, Isco e outros.
O Grêmio domina as partidas no Brasil porque tem Maicon, Arthur e Luan, além de Ramiro, para trocar passes.
O Grêmio não trocou dois passes contra o Real Madrid, na final do Mundial de Clubes. Se Maicon e Arthur tivessem jogado, a diferença não teria sido tão gigante.
Os adversários vão tentar neutralizar a maior força do Brasil, a dupla pela esquerda, Marcelo e Neymar.
Ao mesmo tempo, tentarão explorar os espaços nas costas do lateral. Com Fernandinho ao lado de Casemiro, melhora muito a marcação no meio-campo, embora a Alemanha, no recente amistoso, tenha trocado muitos passes pelo lado e feito cruzamentos perigosos para a área.
No Real Madrid, a cobertura de Marcelo é feita, principalmente, pelo ótimo e rápido zagueiro Sergio Ramos.
É mais fácil para ele, que está de frente para o lance, de olho na bola, no passador e no recebedor do passe, do que para o volante (Casemiro), que tem de se deslocar para o lado.
Marcelo é tão excepcional quando avança, que vale correr o risco.
Há quase um consenso de que Brasil, Alemanha, França e Espanha são as mais fortes candidatas ao título no Mundial da Rússia.
Penso que Brasil e Espanha estão um pouco à frente das demais. O Brasil, pela força de ataque, e a Espanha, pelo domínio do meio-campo.
Fora as quatro equipes, a Argentina é a que mais pode surpreender nesta Copa do Mundo, por ter Lionel Messi.
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