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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Descrição de chapéu Futebol

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O jogo é uma mistura de inspiração e expiração, de ciência e imprevistos

São Paulo

Na Copa do Mundo da Rússia, que começa no próximo mês, não haverá grandes novidades táticas, a não ser que apareça um Dom Quixote, um aventureiro. 

Qualquer que seja o sistema tático, todas as equipes devem ter um centroavante, com mais ou menos habilidade e mobilidade, e um jogador de cada lado, com características mais de armador ou mais de atacante. 

As variações serão nas estratégias, no número de zagueiros (dois ou três) e no desenho tático do meio-campo.

Há uma tendência mundial de formar o meio-campo com apenas um volante centralizado, para marcar e iniciar as jogadas ofensivas, e um meio-campista de cada lado, que atue de uma área à outra. Essas equipes, quando perdem a bola e não conseguem recuperá-la imediatamente, recuam, marcam com cinco (três do meio e os dois jogadores pelos lados) e avançam com cinco (dois dos três armadores, os dois pontas e o centroavante). A Espanha joga dessa forma. O Flamengo também atua assim e, mais recentemente, o Atlético-MG passou a fazer o mesmo. Pode chamar de 4-3-3 ou de 4-1-4-1. Não tem importância.

Jorge Sampaoli, técnico da Argentina, é uma incógnita, pois ainda não definiu uma forma de sua seleção jogar
Jorge Sampaoli, técnico da Argentina, poderá surpreender na Rússia. Será o Dom Quixote da Copa? - Francisco Seco/AP

Outras seleções, como Alemanha e França, e a maioria dos times brasileiros, como Cruzeiro, Palmeiras e Grêmio, preferem atuar com dois volantes e um meia de ligação centralizado, que, de acordo com as características, atua mais próximo dos dois volantes, como Özil e Lucas Lima, ou mais próximo do centroavante, como Griezmann e Thiago Neves. Esses times, quando perdem a bola, marcam com uma linha de quatro no meio-campo (dois volantes e um meia de cada lado). Pode chamar de 4-2-3-1, 4-4-2 ou 4-4-1-1. Não tem importância.

Na Copa, a seleção brasileira deve usar as duas formações no meio-campo. 

Uma, para enfrentar as seleções mais retrancadas, como na primeira fase, com apenas um volante, Casemiro, dois meias ofensivos, Paulinho e Coutinho, além de um jogador de cada lado e um centroavante. Na outra, contra seleções mais fortes, nos jogos mata-mata, para reforçar a marcação, com Fernandinho ou lado de Casemiro, além de Paulinho, como no recente amistoso contra a Alemanha. Coutinho disputaria a posição com William, pela direita.

A Argentina é uma incógnita, na escalação e na maneira de jogar, já que Sampaoli é surpreendente, assumiu o time há pouco tempo e experimentou várias formações táticas. 

Se a Argentina fracassar, Messi carregará uma sombra em sua magistral carreira. Parte da torcida vai criticá-lo por não ser um deus, como Maradona, e outra vai levar eternamente um sentimento de frustração, por Messi não ter tido um time bom para ajudá-lo. Mas, se a Argentina ganhar, haverá um outro santo, mais forte ainda que Maradona.

Algumas seleções vão jogar com três zagueiros e dois alas, como Inglaterra, Suíça e Costa Rica, as duas últimas, adversárias do Brasil na primeira fase. São Paulo, Fluminense e Atlético-PR também jogam dessa forma. Repito, quando os alas avançam, abrem espaços nas costas, pois os três zagueiros tendem a se juntar pelo centro e, quando um sai na cobertura pelo lado, costuma chegar atrasado. O Palmeiras, contra o Atlético-PR, se aproveitou disso.

O futebol é como um ser vivo, influenciado por múltiplos fatores, mistura de inspiração e expiração, de ciência e imprevistos. Quando termina a partida, elegemos os heróis e os vilões e tentamos explicar, com bons e maus argumentos, o que, muitas vezes, não tem explicação. Tem existência.

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