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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Descrição de chapéu Rússia Futebol

O despiste alemão

Nenhuma seleção tem tantos brilhantes jogadores de ataque quanto o Brasil

Contra a Croácia, no primeiro tempo, Fernandinho se limitou a atuar recuado, estático, mais à esquerda, sem passar pelo meio-campo, de secretário de Marcelo. A Croácia marcou mais à frente, e o Brasil não trocou passes nem chegou ao gol. Também não pressionou para recuperar rapidamente a bola, como em outros jogos.

No segundo tempo, a Croácia sossegou e o Brasil melhorou com a saída de Fernandinho e com a entrada de Neymar, passando Coutinho a jogar pelo centro. Porém, o motivo principal dos gols do Brasil não foi a mudança tática, e sim o talento individual de Neymar e Firmino.

Danilo atuou bem. Ele tem muita força física e velocidade para defender e atacar. Mas falta a ele a classe de Daniel Alves, para trocar passes e armar as jogadas pela direita. Sua ausência dificulta a saída de bola da defesa para o ataque.

Neymar e Roberto Firmino se entenderam bem no amistoso contra a Croácia
Neymar e Roberto Firmino se entenderam bem no amistoso contra a Croácia - Oli SCARFF/AFP

​Tite deveria usar a formação do segundo tempo, desde o início, com Coutinho pelo meio, em todos os jogos, ou deveria, principalmente contra seleções mais fortes, manter Fernandinho e reservar a formação mais ofensiva, quando houver necessidade? Há controvérsias. No amistoso contra a Alemanha, com Fernandinho, o time foi bem, porque dificultou o domínio da bola, no meio-campo, pelos alemães.

Assim como o craque antevê o lance, o grande técnico sabe, na maioria das vezes, o que tem mais chance de dar certo. Zidane, que era um sábio quando jogava, transferiu a sabedoria para o treinador, que conhece o momento exato de sair, mesmo do maior time do mundo e depois de ser tricampeão europeu.

As seleções de Alemanha, Espanha e Portugal atuaram bastante desfalcadas nos últimos amistosos. Kroos, Sergio Ramos e Cristiano Ronaldo, campeões da Europa, receberam vários dias de folga. Enquanto isso, Casemiro e Marcelo jogavam pelo Brasil. Quem está mais certo, Tite, por escalar todos os titulares e ajustar pequenos detalhes técnicos e táticos, ou os treinadores europeus, que, por já conhecerem bem seus melhores jogadores e pelo medo de perdê-los por uma contusão, aproveitaram os amistosos para testar novos atletas e definir os 23 para o Mundial?

Quando Neymar e Firmino fizeram os gols, Tite e a comissão técnica vibraram como se fosse jogo de Copa. Estavam felizes pelo retorno de Neymar, pelo primeiro lance de grande brilho de Firmino na seleção brasileira e também porque querem ganhar todas as partidas.

Já o técnico da Alemanha, Joachim Löw, parecia satisfeito com a derrota para a Áustria. Deve ter pensado: "É bom jogar mal e perder, para os jogadores não cometerem os mesmos erros na Copa e porque os adversários vão achar que estamos mal". É o despiste alemão.

Brasileiro

O líder Flamengo tem evoluído, no individual e no coletivo. Os dois andam juntos. A equipe joga no mesmo sistema tático do Brasil do segundo tempo contra a Croácia, com um volante e dois armadores, Paquetá e Diego, que se alternam na marcação, no apoio e na chegada ao ataque. Diego brilhou contra o Corinthians

O Cruzeiro também tem jogado bem. Sofre pouquíssimos gols, seguindo o modelo do Corinthians, que foi criado por Mano Menezes. Com Dedé, a defesa ficou muito mais segura, pelo chão e pelo alto. Contra o Ceará, enfim, após um longo tempo, Sóbis fez uma brilhante partida. Antes, não errava nem acertava.

Cruzeiro e Flamengo vão se enfrentar pelas oitavas de final da Libertadores. Jogaços!

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