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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Cronistas usam mesmos argumentos para explicar vitórias e derrotas

Atuações e resultados são analisados a partir da conduta dos técnicos

O Flamengo, líder do Campeonato Brasileiro, enfrenta o Grêmio, pela Copa do Brasil.

São dois times que gostam de ficar com a bola, de aproximação e de troca de passes. Possuem um trio de meios-campistas talentosos, que atuam de uma intermediária à outra, formado, no Grêmio, por Maicon, Ramiro e Luan, e, no Flamengo, por Paquetá, Éverton Ribeiro e Diego.

Os dois sistemas táticos são diferentes. O Grêmio é mais forte defensivamente, pois marca bem, com duas linhas de quatro. O Flamengo avança com muitos jogadores e deixa mais espaços em sua defesa, por ter apenas um volante e os zagueiros ficarem muito colados à grande área.

O presidente do Santos, José Carlos Peres, e o técnico Cuca conversam no CT Rei Pelé
O presidente do Santos, José Carlos Peres, e o técnico Cuca conversam no CT Rei Pelé - Flavio Hopp/Agência O Globo

Por outro lado, o Flamengo cria mais chances de gol, por ter um repertório ofensivo maior e chegar à frente com mais atletas.

O Grêmio troca passes muito bem, mas penetra pouco, pois depende demais do hábil e rápido Everton. Luan, Maicon e Ramiro são armadores, e o centroavante, seja quem for, tem poucos recursos técnicos.

O São Paulo, vice-líder do Campeonato Brasileiro, é diferente, na maneira de jogar, de Flamengo e Grêmio. 
A equipe paulista prioriza uma rígida marcação e o contra-ataque. Os dois jogadores pelos lados, Everton e Rojas, são hábeis, rápidos e disciplinados. Marcam e atacam. 

Everton é melhor do que eu achava, embora já o considerasse um bom jogador quando ele atuava pelo Flamengo.

Cruzeiro e Santos também se enfrentam pela Copa do Brasil. 

O Cruzeiro é um time organizado, que marca muito, mas, diferentemente do São Paulo, troca mais passes, fica mais com a bola, sem contra-atacar tanto. 

Quando Mano Menezes escala o trio de meias, formado por Robinho, Thiago Neves e Arrascaeta, melhora a qualidade, mas piora a marcação pelos lados, pela dificuldade de Arrascaeta e Robinho atacarem e defenderem. 

Contra o São Paulo, Mancuello jogou no lugar de Thiago Neves e, como sempre, não jogou nada.

O Santos deve melhorar com Cuca, pois piorar não tem jeito. Apesar da desorganização da equipe, o jovem Rodrygo, de 17 anos, tem mostrado enorme talento. Quem será melhor, Vinícius Júnior ou Rodrygo, ambos negociados com o Real Madrid? Ainda é cedo para dizer. Vinícius Júnior é mais forte e mais rápido. Rodrygo parece mais lúcido nas decisões.

O Atlético-MG, mesmo com a saída de alguns bons jogadores, principalmente Róger Guedes, e a presença de vários titulares fracos, especialmente na defesa, é o quarto colocado do Brasileiro, graças ao bom trabalho do jovem técnico Thiago Larghi. 

Mas, se perder dois jogos, será demitido.

O Palmeiras, que tem um bom elenco, despertou uma expectativa maior que a realidade. Com isso, decepciona, frustra, e a culpa é do técnico.

Já o Inter, terceiro colocado, joga mais do que se esperava.

Romero é bom jogador, importante para o Corinthians, pelo lado ou como centroavante, pois se movimenta muito e finaliza bem. Porém, tratá-lo como um grande atacante, artilheiro, por ter feito cinco gols em dois jogos, é quase uma fake news. 

Centroavante bom e promissor é o jovem Pedro, do Fluminense.

Continua a troca de técnicos. A crônica esportiva, me incluindo, ao mesmo tempo em que critica a exagerada troca de treinadores, contribui para isso, ao analisar as atuações e os resultados a partir da conduta dos técnicos. 

Eles são importantes, mas nem tanto. Às vezes, a imprensa usa os mesmos argumentos para explicar a derrota e a vitória.

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