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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Pep Guardiola, 100 anos em 10

Treinador há uma década, Guardiola continua irrequieto, inovador

Guardiola completou dez anos como treinador. Parece que foram cem.

O Barcelona, dirigido por ele, fez uma marcante transformação no futebol.

Guardiola continua irrequieto, inovador. É um treinador moderno, apaixonado pelo passado. Guardiola priorizou a posse de bola, a troca de passes, as triangulações e o domínio da bola e do jogo, como o Santos, na época de Pelé.

Guardiola privilegiou a marcação por pressão, para recuperar a bola perto do outro gol, como a seleção holandesa, na Copa de 1974. Guardiola influenciou os goleiros de todo o mundo a aprenderem a jogar com os pés.

Guardiola, principalmente, exigiu de seus jogadores que, ao mesmo tempo, fossem eficientes e jogassem bom futebol, agradável, para melhorar a qualidade do espetáculo. Sem utopia, nada é possível.

Volto à realidade brasileira. Bastou o Palmeiras, com Felipão, ficar quatro jogos sem sofrer gols e ganhar do fraco Cerro Porteño, do Paraguai, para a turma que acha que o 7 a 1 foi um apagão encher a bola do técnico.

Imagine o que diriam se o Palmeiras tivesse vencido, com Felipão, o Boca Juniors, em La Bombonera, como aconteceu recentemente, pela Libertadores, sob o comando de Roger Machado.

Felipão possui virtudes e merece elogios por suas conquistas. Suas preferências técnicas e táticas, muitas vezes, dão certo, como os chutões, as bolas aéreas, a presença de volantes somente marcadores e de centroavantes que só empurram a bola para o gol e, principalmente, o jogo fatiado, truncado, sem trocar passes no meio-campo.

Ele e quase todos os outros técnicos que dominaram o futebol brasileiro durante longo tempo dividiram o meio-campo entre os volantes que marcavam e os meias ofensivos que atacavam.

A bola passava direto da defesa para o ataque. Isso mediocrizou nosso futebol.

Como sou um homem dividido entre a utopia e o utilitarismo, entre Dom Quixote e Sancho Pança, tento ver os dois lados, sem intolerância e radicalismo, mas sem deixar de fazer minhas escolhas, de dizer o que penso.

Prefiro mil vezes as ideias de Guardiola às de Felipão e de tantos outros treinadores, que só se preocupam com o resultado, sem valorizar a qualidade do jogo.

Guardiola gesticula na estreia do Manchester City no Campeonato Inglês, com vitória sobre o Arsenal
Guardiola gesticula na estreia do Manchester City no Campeonato Inglês, com vitória sobre o Arsenal - John Sibley/Action Images via Reuters

O mês de agosto, de definição dos candidatos à Presidência, é também de jogos decisivos no futebol.
Barbieri ressuscitou Dourado, com a boa explicação de que o Cruzeiro --o mesmo ocorre com o Grêmio-- é um time que marca muito bem perto da área e não permite que um centroavante saia para trocar passes, como queria que Uribe fizesse.

Nessa situação, um centroavante fixo, apenas para finalizar, funciona melhor, como no gol da vitória sobre o Cruzeiro, pelo Brasileiro.

Dourado, como a maioria dos centroavantes estáticos, que sempre jogam mal quando não fazem gols, possui, na carreira, a média de um gol a cada dois ou três jogos.

Isso é importante, mas desconfio que se escalassem um zagueiro alto, forte, raçudo, de centroavante, em uma grande equipe, ele teria também uma média de gols parecida, ainda mais se for Dedé, do Cruzeiro.

Nesta quarta (15) e nesta quinta (16), certamente, em algum momento, o acaso entrará em campo.

Ele nunca falha, ao contrário dos times e dos jogadores. Acaso não é sorte.

"No momento certo, com a ajuda do acaso, o desejo encontra a oportunidade" (Gilson Yoshioka, escritor, jornalista, vocalista, compositor, autor de "Linha Tênue").

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