Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Tostão

É necessário jogo limpo e mais talento individual e coletivo

Por mais que tentam explicar o que ocorre durante os jogos, o futebol não explica nada

Hoje é domingo, dia que já foi de futebol. Existem, atualmente, muitas outras opções de lazer, algumas mais baratas. Além disso, há um excesso de jogos, e a maioria das pessoas não quer apenas torcer. Quer também um bom espetáculo, sem violência no trajeto para os estádios e durante as partidas, sem tumulto, reclamações, cotoveladas, pontapés. Não basta emoção, é necessário jogo limpo e mais talento individual e coletivo.

Como é bom ver Felipe Melo sem dar pontapés, jogando com técnica e até com lances de efeito. Parece um anjo arrependido. Até quando?

Hoje é dia de clássicos regionais. Jardel, artilheiro nos anos 1990, teria dito: “Clássico é clássico, e vice-versa”. Acho que escutei essa frase em minha infância.

Outra frase famosa é “clássico não tem favorito”. Será? O Palmeiras, mesmo com um time alternativo, que tem jogado no mesmo nível do time das quartas-feiras, o das copas, é o favorito contra o Corinthians?

Felipão está preocupado. Nas entrevistas, fala sempre que o time ainda não ganhou nada e que o torcedor, eufórico, não deveria seguir a imprensa, que endeusa demais antes da hora e que, depois, critica duramente nas derrotas.

Parte da imprensa, que costuma criticar a troca frequente de treinadores, é a primeira a discutir se o técnico deveria sair, por causa de algumas derrotas. Além disso, o hábito de analisar as partidas sempre pelas condutas dos treinadores dá a eles uma exagerada importância.

Se Jair Ventura mantiver a estratégia que deu certo no Botafogo e priorizar a marcação com duas linhas de quatro, para, depois, contra-atacar, tem boas chances de melhorar o Corinthians, pois essa foi a estratégia do time em seus melhores momentos. Porém, os maiores méritos da equipe não foram somente por causa do ótimo sistema defensivo, mas também pela qualidade individual, que não tem mais.

Times que trocam de técnico costumam também melhorar, por um período variável. Isso ocorre por questões táticas, técnicas, pela mudança das preleções motivadoras ou seria porque os jogadores não aguentavam mais o técnico que saiu?

Hoje é dia de outro clássico, Fluminense e Botafogo, duas equipes que olham para frente, sonhando com algo melhor, e para trás, preocupados com a turma de baixo.

Hoje também tem Grenal. Mesmo com o Grêmio bastante desfalcado, será o duelo entre o estilo gremista, de troca de passes, de posse de bola e com uma ótima proteção da defesa, e o do Inter, de muita marcação, pressão em quem está com a bola e contra-ataques rápidos.

A grande diferença deste jogo para o do primeiro turno, 0 a 0, quando Renato disse que o Inter jogou como um time de Série B, é que o Inter melhorou muito e tem a ambição de ganhar do grande rival e ser campeão brasileiro. O Grêmio tem a melhor defesa do campeonato, seguido pelo Inter. Seria um novo 0 a 0?

Ouço, desde a adolescência, que o futebol é uma metáfora da vida. É o palco de alegrias e tristezas, de conquistas e tragédias, de paz emocional e de angústia, por causa da finitude das coisas, de momentos surpreendentes, que costumam ser melhores que os planejados, de incertezas e de imprevisibilidade. A bola entra também por acaso.

Gosto também de outro pensamento, o de que, por mais que tentam explicar o que ocorre durante os jogos, o futebol não explica nada. Acontece.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.