Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Tostão

Técnicos são importantes, mas há fascínio exagerado sobre eles

Há dezenas de outros fatores envolvidos nas atuações e nos resultados das equipes

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Existe em todo o mundo, ainda mais no Brasil, um fascínio pelos treinadores, que cresceu nos últimos tempos por causa da evolução científica e da valorização da estratégia de jogo. Os treinadores teriam o segredo das vitórias. 

Se estas não ocorrem, há outros com mais conhecimento e assim sucessivamente. Não tem fim.

Essa ilusão não diminui a importância dos treinadores. São eles —ou deveriam ser— os responsáveis pela formação dos elencos, pelo planejamento técnico das competições, pelos treinamentos, estratégias, escalações, substituições e gestão do grupo. É demais para um só profissional, mesmo ajudado por vários especialistas nas comissões técnicas. As decisões de campo são sempre dos treinadores.

O técnico Maurício Barbieri, demitido do Flamengo nesta semana
O técnico Maurício Barbieri, demitido do Flamengo nesta semana - Paulo Whitaker/Reuters

Há dezenas de outros fatores envolvidos nas atuações e nos resultados das equipes, como o acaso, os problemas físicos, emocionais e disciplinares e, principalmente, a qualidade dos jogadores. 

As partidas entre times de nível técnico parecidos, como Cruzeiro e Palmeiras, Corinthians e Flamengo, são decididas mais por detalhes e pelas escolhas dos jogadores no momento do lance, do que pelo planejamento e conduta dos treinadores. 

Em uma fração de segundos, o garoto Pedrinho definiu a partida e o futuro de Corinthians e Flamengo. Por dez centímetros, o chute de Pará, no fim do jogo, teria entrado e levado a disputa para os pênaltis.

Outra razão da troca frequente no comando das equipes é a prática habitual de analisar as partidas a partir da conduta dos técnicos. Mais que isso, são os comentaristas que costumam iniciar as discussões sobre a troca de treinadores. O programa Redação SporTV, apresentado por Marcelo Barreto, tem a postura de não começar esse assunto. 

Com o auxílio de estatísticas e da tecnologia, analistas procuram imagens do jogo, que confirmariam seus próprios conceitos e/ou a relação direta entre o que aconteceu em campo e as estratégias dos técnicos.

Quem procura, acha.

Alguns treinadores cometem erros seguidos, importantes, e devem ser substituídos. O difícil é definir, com certeza, se a falha é realmente deles. Além disso, não há nenhuma certeza se o time não melhoraria se o técnico não fosse demitido. 

A saída do técnico poderia tirar a chance de recuperação. O erro evidente de Barbieri foi mexer demais, a cada jogo, na escalação. Isso ocorre com mais frequência com jovens técnicos, teoricamente mais inseguros. 

Os treinadores muitas vezes têm participação importante em vitórias, derrotas, títulos e gols, como no primeiro do Corinthians e no do Flamengo, parecidos e resultantes de jogadas pensadas, ensaiadas. Nos dois gols, faltou a recomposição dos meias pelos lados para anular o avanço dos laterais. Daí a obsessão dos treinadores por meias que jogam pelos lados e que atacam e recompõem rapidamente na marcação.

Na véspera de Cruzeiro e Palmeiras o assunto principal era o duelo entre Mano Menezes e Felipão. Pareciam as estrelas do espetáculo.

Em 2012, quando era técnico da seleção brasileira, Mano recebeu uma foto de Felipão entrando no prédio onde morava Marín, então presidente da CBF. Deve ter sido enviada pelo porteiro. 

Pouco tempo depois, a CBF dispensou Mano Menezes e contratou Felipão. Eu não sei se Mano Menezes ficou chateado com Felipão, mas imagino que a eliminação do Palmeiras tenha tido uma pitada especial de prazer.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.