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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Roteiro de primeira partida da final da Copa do Brasil já estava pronto

Em jogo morno e sem grandes lances, deu a lógica para o time de Minas Gerais

O Cruzeiro, com a vantagem de um gol e acostumado a vencer fora de casa, aumentou suas chances de conquistar a Copa do Brasil. O roteiro da primeira partida estava pronto. Foi ensaiado e cumprido, na íntegra. Foi uma sucessão de repetições, obviedades e mediocridades, no sentido de medíocre, não de mediano.

O segundo tempo deu sono. É o habitual do futebol brasileiro. Jair Ventura sabia que, no máximo, faria um gol e que tinha chance de não levar nenhum. Mano Menezes sabia que, dificilmente, marcaria dois gols e que tinha grandes possibilidades de não levar nenhum. Deu a lógica, o resultado mais esperado: 1 a 0 para o Cruzeiro.

No segundo tempo, o Corinthians não tentava reagir nem o Cruzeiro procurava, com vontade, o segundo gol. Os dois técnicos ficaram satisfeitos. O ataque do Corinthians, contra o Cruzeiro, assim como tinha sido contra o Flamengo, no Maracanã, foi nulo, pior que os piores ataques dos times pequenos, que, mesmo quando jogam na retranca, chutam uma ou duas bolas ao gol.

O corintiano Ángel Romero tenta dominar a bola durante o primeiro jogo da final entre Corinthians e Cruzeiro no Mineirão
O corintiano Ángel Romero em ação durante o primeiro jogo da final entre Corinthians e Cruzeiro, no Mineirão - Ueslei Marcelino - 10.out.18/Reuters

Os dois volantes só marcavam, os dois pelos lados eram somente secretários dos laterais, o meia Mateus Vital não sabia o que fazer, e Jadson, mais avançado, recebia a bola no meio-campo e tocava para trás, pois não tinha ninguém à sua frente.

O Cruzeiro, no primeiro tempo, jogou bem, o habitual, com organização, boa marcação, porém, com pouco repertório ofensivo. Os três meias correm muito, se cansam, e não há bons reservas para substituí-los no segundo tempo. Com Arrascaeta, o único bom reserva dos três meias é Rafinha, que, aliás, atuou muito bem.

O jogo foi tão previsível e burocrático que nem teve polêmica. O árbitro de vídeo deve ter dormido durante a partida. Não podia faltar o "festival de horrores", dito por Milton Leite, ótimo narrador e crítico. A única surpresa da partida foi a escalação de Ariel no lugar de Lucas Silva, que tem jogado bem. Mano explicou que, como o Corinthians atuaria muito atrás, precisava de um volante com mais troca de passes.

Compreendo a explicação, mas achei desnecessário. Ariel, que atuou bem, não avança para finalizar. Com o Corinthians atrás, seria importante ter um volante que finalizasse bem de fora da área, como Lucas Silva. Além disso, Lucas Silva vira bem a bola de um lado para o outro, para pegar a defesa desprotegida, como no gol, que começou com o passe de Thiago Neves para Egídio, da direita para esquerda.

Esse tipo de gol é cada vez mais comum. O lateral fecha para fazer a cobertura do zagueiro, confiando que o meia pelo lado vai marcar o lateral adversário. Parece que Romero não é mais tão bom como secretário de lateral. Egídio, o melhor cruzador do Brasileiro, driblou Romero e fez mais um ótimo cruzamento, para Thiago Neves marcar. 

Até a fraquíssima Arábia Saudita consegue sair da defesa para o ataque trocando passes, menos os times brasileiros. A atuação do Brasil não teve brilho. Ficou mais evidente que Fabinho não pode ser o lateral da seleção, que Coutinho fica incomodado pela direita e que Fred é muito discreto para ser titular.

No segundo tempo, Coutinho foi para o meio, como na Copa, onde também não é sua melhor posição. Ele atua muito melhor avançado, da esquerda para o centro. Nas duas formações, Neymar jogou quase toda a partida pelo centro, uma mistura de meia de ligação com segundo atacante, como tem atuado no PSG. Teve alguns belos lances.

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