Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Contra o Uruguai, Tite tem a chance de experimentar jogadores e estratégias

Seleção não terá Marcelo, Casemiro e Coutinho, contundidos

De vez em quando, ouço alguém da crônica esportiva dizer que assistir aos jogos no estádio é muito melhor, para ver e analisar a estratégia das equipes, do que pela televisão.

Parece óbvio. Porém, há sempre um porém, pela TV temos dezenas de informações, imagens em vários ângulos e, algumas vezes, ótimos comentários. As TVs mostram também imagens abertas, onde se enxerga quase todo o conjunto. Tudo isso ajuda a ver, deduzir, imaginar e compreender a partida.

Além disso, não são os olhos que enxergam. São os olhos de um observador, baseados nos conhecimentos e no hábito de olhar. É um aprendizado saber ver. Muitos olham e não enxergam. São cegos ou veem uma parte, a que lhes interessa. Existe uma epidemia de cegueira, no futebol e no país.

Evidentemente, assistir aos jogos nos estádios é mais emocionante. Em casa, há outras vantagens. Por preguiça e por outros motivos, não tenho ido ao campo. Pretendo voltar, mas só para grandes partidas.

Na maioria dos jogos dos grandes times, é visível, pela TV, qual é o jogador mais adiantado e o mais recuado, por serem equipes compactas.

No Brasil, como os zagueiros atuam colados à grande área, é impossível ver, ao mesmo tempo, o jogador mais atrás e o mais à frente. Dá para deduzir, quando a equipe perde a bola e recebe o contra-ataque, com uma grande distância entre os meios-campistas e os zagueiros.

Os clubes gastam fortunas na contratação, na formação e na manutenção dos elencos, desproporcionais ao que arrecadam e à qualidade individual e coletiva dos times. Isso ocorre por falta de continuidade dos técnicos, que raramente formam os elencos e trabalham por um bom tempo, e também pela incapacidade de muitos treinadores e diretores de futebol de fazerem boas contratações e aproveitarem bem os jovens da base.

Tite durante jogo da seleção brasileira contra a Arábia Saudita - Waleed Ali/Reuters

O São Paulo, há muito tempo, é mestre em desvalorizar e se desfazer de bons profissionais. Pouco antes de se tornar o melhor do mundo, Kaká era vaiado no Morumbi. Casemiro era tratado como lento e marrento. O mesmo ocorria com Maicon, meio-campista do Grêmio. Rodrigo Caio, uma grande promessa, campeão olímpico, com ótimas atuações, está marginalizado no clube. O São Paulo criou todas as dificuldades para o ídolo Rogério Ceni fazer um bom trabalho, além de tê-lo demitido.

Aguirre é um técnico comum, igual a quase todos os treinadores brasileiros, que passou rapidamente de herói a vilão.

Raí logo assimilou a prática dos dirigentes em agradar aos torcedores descontentes e demitiu o treinador, com cinco rodadas para o fim do campeonato, com a esperança de que um novo técnico, seja ele quem for, levante a equipe na reta final.

Parece que as primeiras vitórias, após a troca de técnicos no Flamengo, foram mais por causa da chegada de um novo técnico do que pela contratação de Dorival Júnior. Givanildo Oliveira, novo super-herói, chegou para salvar o América.

Na sexta-feira (16), o Brasil enfrenta o Uruguai, sem Marcelo, Casemiro e Coutinho, contundidos. Tite tem a chance de experimentar jogadores e novas estratégias. 

Antes e durante a Copa, era evidente que o ponto forte do Brasil era o trio ofensivo pela esquerda, com Neymar, Marcelo e Coutinho, e que o ponto fraco defensivo eram os três, pois Neymar e Coutinho não voltavam para marcar, e Marcelo avançava bastante. Todos os técnicos do mundo sabiam disso. Tite, encontre a solução!

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